Sabina Anzuategui usa voz mais direta e pessoal em novo livro

Escritora e roteirista curitibana lança "Escrevi pra você ontem" na Livraria Arte e Letra, neste sábado (26)

“Como uma mulher deve ser” foi uma das angústias de Sabina Anzuategui na adolescência. “As revistas femininas, dando dicas de roupa, maquiagem e comportamento, me assombravam”, diz a escritora. “Eu não queria e nem conseguiria ser daquele modo. Então cresci observando mulheres que eram ‘diferentes’: mais corajosas, irreverentes, irresponsáveis, autônomas.” 

Como autora, ela se interessa pelas contradições e pela nuance, e é isso está presente no romance “Escrevi pra você hoje”, que Sabina Anzuategui publica pela editora Quelônio. 

Curitibana radicada em São Paulo, a escritora vem à cidade natal para fazer o lançamento do livro neste sábado (26), às 10h30, na Livraria Arte & Letra (Rua Desembargador Motta, 2.011 – Centro). 

Sabina Anzuategui

Anzuategui é também roteirista e professora da Faculdade Cásper Líbero. Na entrevista a seguir, feita por e-mail, ela fala sobre como “Escrevi pra você hoje” marca uma transição, de um modo de escrever mais denso e com subtexto político para algo mais direto e pessoal. “Eu tinha cartas da minha adolescência, que enviava para jornais e revistas, falando um pouco de tudo. Nessas cartas, encontrei uma vitalidade antiga, e quis recuperá-la”, diz.

Sem se preocupar em dar uma sinopse, você diria que seu livro “Escrevi para você hoje” é sobre o quê?
O livro é sobre as descobertas na adolescência: quem a gente é, o que queremos fazer da vida. Como amizade, amor e admiração se misturam. E como pessoas distantes podem trazer uma influência fundamental.

Na literatura, quais foram e são suas maiores influências? Como essas obras e autores aparecem na sua escrita?
Já que o livro fala de juventude e adolescência, acho legal lembrar minhas influências dessa fase: Kurt Vonnegut Jr. me marcou muito, uma escrita rápida, irônica e ao mesmo tempo com uma melancolia, um sentimento de ir em frente, mesmo sem ilusões. Os quadrinhos brasileiros dos anos 1990 também me formaram: Laerte e Angeli, principalmente.

Você poderia falar um pouco sobre o contexto em que escreveu a obra?
Escrevi o livro numa fase de transição artística. Meu terceiro livro, “Luciana e as mulheres” foi um romance mais denso, com um subtexto sociopolítico, ainda pensando na forma do “grande romance”. Depois procurei uma voz mais direta e pessoal – como eu escrevia antes de tanto esforço para “escrever seriamente”. Eu tinha cartas da minha adolescência, que enviava para jornais e revistas, falando um pouco de tudo. Nessas cartas, encontrei uma vitalidade antiga, e quis recuperá-la.

Ser adolescente hoje é muito diferente dos anos 1990. Por que você decidiu escrever sobre essa época, em que as tecnologias e redes sociais não estavam presentes na vida dos adolescentes e o hábito de trocar cartas era comum?
Duvido que seja tão diferente assim. Claro, as tecnologias mudaram. Antes, pra descobrir coisas diferentes, ficávamos revirando lojas de discos, bancas de jornal, revistas, bibliotecas. E pra falar com as amigas, à noite, ficávamos horas no telefone fixo de casa, em conversas intermináveis. Mas as dúvidas principais acredito que sejam as mesmas: que vontades estranhas são essas que nascem dentro de mim? seria tão mais fácil ser igual aos outros!; todo mundo é insuportável, ou todo mundo é melhor que eu?; que alívio encontrar alguém que sente e pensa como eu!

Pode contar um pouco sobre o processo de criação de suas personagens femininas? O que fazem delas personagens únicas e complexas?
A ideia de “como uma mulher deve ser” foi minha grande angústia de adolescência. As revistas femininas, dando dicas de roupa, maquiagem e comportamento, me assombravam. Eu não queria e nem conseguiria ser daquele modo. Então cresci observando mulheres que eram “diferentes”: mais corajosas, irreverentes, irresponsáveis, autônomas. Ao mesmo tempo, não acredito em super heroínas: mesmo uma mulher corajosa tem inseguranças, mesmo alguém irreverente tem suas tristezas e amarguras. Observando as pessoas, me interesso pelas contradições e pela nuance.

Que argumento você usaria para convencer alguém a ler o seu livro?
Só o Tim Maia consegue convencer alguém: “Leia o livro… Universo em Desencanto.” Mas, diferente do Tim Maia, eu não atingi a imunização racional. Acho que meu livro será divertido para quem gosta de música pop, punk e MPB. Sempre citando o Tim: “Leia e vai saber o que é encanto”.

Livro

“Escrevi para você hoje”, de Sabina Anzuategui. Quelônio, 160 páginas, R$ 48. Romance.

Lançamento

O livro “Escrevi para você hoje” será lançado neste sábado (26), às 10h30, na Livraria Arte & Letra (Rua Desembargador Motta, 2.011 – Centro).

Sobre o/a autor/a

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