Paula Gicovate lança novo livro em torno do amor

"Notas sobre a impermanência", publicado pela Faria e Silva Editora, fala sobre desejos e transitoriedade

“Uma quase obcecada pelo amor”, assim se descreve Paula Gicovate. A autora e roteirista, conhecida por expandir “a velha visão sobre o que é amar” – palavras de Giovana Madalosso – lança seu segundo romance em torno do tema: “Notas sobre a impermanência” (Faria e Silva Editora).

De acordo com Gicovate, escrever sobre o amor é uma forma de tentar entendê-lo. “Os acordos amorosos mudam o tempo em uma relação, verbalizados ou não, e me encanta escrever sobre essas dinâmicas, os desejos. Muita gente fala sobre o poder dos inícios ou sobre a força da separação, que é dolorida, mas te impulsiona, o meio do amor, porém, é sempre deixado de lado. O lugar de quem está há muitos anos e conhece o balé da relação, mas segue amando, tem sido um grande tema pra mim”, diz a autora.

Desejo

Na nova obra, ela apresenta aos leitores Lia, uma tradutora carioca na faixa dos 30 anos que, em uma viagem a São Paulo, se apaixona por Otto, um homem casado – o que ela descobre já no motel. Lia, mulher contraditória, resolve viver sua incessante paixão e permanece como uma terceira ponta na relação por dois anos, tendo a presença de Otto nas horas vagas.

Em dado momento, rompe com suas relações claustrofóbicas, com o trabalho e com Otto, e se muda para Barcelona. Tem início a segunda parte do livro. Lá, a protagonista analisa com distanciamento a sua própria visão do amor e reinterpreta a relação que por tantos anos acreditou desejar. Na capital catalã, Lia vive outras experiências amorosas enquanto mantém uma constante troca de cartas com Otto. 

Tudo mudaria outra vez quando Otto decide ir atrás de respostas e buscar um amor por inteiro, não fosse o fato de Lia conhecer tão bem seus desejos. 

“Este livro é sobre Lia, sobre uma história de amor pelo amor, os frios na barriga, arranjos possíveis, paixão, e mentir para si mesmo. Este livro é para Lia, tão completamente diferente de mim, uma personagem que existe sem meus julgamentos”, diz Gicovate.

Barcelona

“‘Notas sobre a impermanência’ nasceu na residência que Gicovate fez em Barcelona. Ela foi para escrever uma história e voltou com outra. “Todo dia eu sentava na residência e me forçava a escrever a [história] que eu achava que era minha, mas o livro não saía. Foi quando decidi parar o livro por uns dias e andar pela cidade. Eu pesco minha literatura na rua, nos encontros, no outro”, conta a autora. Foi olhando para fora que ela notou seu vizinho de frente escutando “Sentado à beira do caminho”, em italiano: “A vida dele escancarada para a minha janela, vi que ali tinha uma história.”

Autora e personagem são diferentes, mas há um tanto em comum: a solidão da Lia em uma cidade que não era dela, a euforia do diferente, o rompimento que resulta em autoconhecimento. “Foi o que aconteceu comigo em Barcelona. Quando eu decidi romper o que eu tinha proposto, uma ideia de escrever sobre relações familiares, descobri que a história o tempo todo estava na janela da frente e em um sentimento dentro de mim”, diz Gicovate.

Livro

“Notas sobre a impermanência”. Paula Gicovate. Faria e Silva Editora, 120 pp., R$49.

Sobre o/a autor/a

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