“Spencer” ilumina a fragilidade da princesa Diana

Filme é um estudo de personagem que oferece atuações ricas e um vislumbre sobre a humanidade da mulher mais perseguida do século 20

Em 1981, 750 milhões de pessoas ao redor do planeta assistiram ao casamento de Diana e Charles. Todos queriam ver o conto de fadas que se tornava realidade. Diana logo foi eleita “a princesa do povo”, adorada por multidões por seu carisma e filantropia. E incansavelmente caçada por paparazzi. Ela se tornou um ícone, nunca esquecido por admiradores e sempre presente no cinema. Sua mais recente manifestação pode ser vista em “Spencer”, que rendeu à Kristen Stewart sua primeira indicação ao Oscar de melhor atriz.

Com direção de Pablo Larraín e roteiro de Steven Knight, “Spencer” acompanha a princesa Diana (Kristen Stewart) durante um feriado de Natal com a família real britânica. Reunida na residência da rainha na vila de Sandringham, onde os parentes de Diana também costumavam ter uma mansão, a realeza segue um rígido cronograma natalino que envolve uma tentativa de controlar as atitudes da princesa.

Progressivamente sufocada pelo domínio da família do marido e pela indiferença deste, Diana começa a questionar se o título de rainha realmente está em seu futuro.

Claustrofobia

Em “Spencer”, Diana retoma sua identidade anterior ao casamento. Kristen Stewart vive Diana como uma mulher à beira de um colapso. Seus olhos constantemente passeiam pelo ambiente, observando tudo com a atenção de quem também é observada, e o enquadramento, sempre fechado em um primeiríssimo plano de seu rosto, destaca suas expressões e a sensação de claustrofobia que ela sente, mesmo quando está em espaçosos cômodos ou ao ar livre.

A crescente trilha sonora reforça a conturbação psíquica da personagem. Quando não é observada pelos muitos paparazzi que a perseguem, ela é observada pelos informantes da família real, encarregados de ver e ouvir antes que o mundo veja e ouça. Não é paranoia se alguém de fato está te perseguindo, e Diana é a mulher mais perseguida do século 20.

Ana Bolena

Enquanto lida com a pressão depositada em si, com questões relacionadas à sua saúde mental e com a bastante pública traição do marido, Diana é surpreendida por um livro abandonado sobre sua cama: um livro sobre a rainha Ana Bolena.

Atraída pela trágica história da segunda esposa do Rei Henry VIII, condenada à morte quando o marido se apaixona por outra mulher, Diana passa a ser assombrada pelo espectro de Bolena, que atua como um aviso sobre o destino incerto de uma rainha consorte.

Esse questionamento é somado à nostalgia pela liberdade que ela desfrutava antes de se tornar parte da família real que a volta ao local de seu nascimento desperta. Diana tem uma decisão a tomar, algo que pode abalar as estruturas do Reino Unido: libertar-se da família real, antes que seja esmagada por ela.

Porém, a decisão não é simples, já que envolve poder, tradições seculares e crianças cujos futuros foram traçados ainda no berço.

William e Harry

Além da trajetória de Diana, que fundamenta o filme, o relacionamento da protagonista com seus filhos, Harry (Freddie Spry) e William (Jack Nielen), que assume a devastadora função de auxiliar a mãe durante suas crises, também se destaca. Completam o elenco Sally Hawkins, Sean Harris e Timothy Spall como o intimidador Major Alistar Gregory.

Por fim, “Spencer” é um estudo de personagem que, embora ficcionalizado, oferece atuações ricas e um vislumbre sobre a humanidade e a vulnerabilidade de uma das mulheres mais reverenciadas do mundo.

Onde assistir

“Spencer” está disponível para alugar ou comprar em serviços de streaming como Google Play e iTunes.

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