Paranaense faz parte da “Katahirine”, primeira rede de cineastas mulheres indígenas do Brasil

Nyg Kuitá, Kaingang de Apucaraninha, em Tamarana, integra a Rede Katahirine, que será lançada no próximo sábado (29)

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Divulgar, dar visibilidade à produção audiovisual indígena feminina e fortalecer a luta dos povos originários por meio do cinema. Esses são os objetivos da Katahirine, primeira rede de mulheres indígenas cineastas do Brasil que será lançada no próximo sábado (29). A rede já une 71 mulheres de 32 etnias, entre elas, Nyg Kuitá, cineasta Kaingang e acadêmica do curso de Serviço Social da Universidade Federal do Paraná (UFPR) da Terra Indígena Apucaraninha, em Tamarana, no Paraná. O lançamento da Katahirine será transmitido pelo canal do Instituto Catitu no Youtube, às 19h, e contará com a participação da Ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara.

Composta por mulheres que atuam nas áreas do audiovisual e da comunicação, a Katahirine (palavra da etnia Manchineri que significa constelação) é uma rede aberta e coletiva, criada a partir da atuação do Instituto Catitu. “O audiovisual tem sido uma ferramenta de luta das mulheres indígenas. As produções cinematográficas têm contribuído para que elas reivindiquem direitos, denunciem retrocessos e ocupem seu espaço na sociedade indígena e não indígena”, destaca Mari Corrêa, diretora do Catitu e responsável pela coordenação da rede.

Embora, nesse primeiro momento, o mapeamento das cineastas indígenas tenha como foco o território brasileiro, a ideia é abarcar produtoras audiovisuais de povos originários de outros países da América Latina. No futuro, a rede também planeja promover encontros entre as realizadoras de todo o país e organizar mostras. A Katahirine atuará ainda no desenvolvimento de estratégias de fortalecimento do audiovisual indígena e na proposição de políticas públicas que atendam a produção do cinema feito por mulheres indígenas.

“Acreditamos que a rede poderá ser uma importante ferramenta de conhecimento e diálogo entre nós e com o público, e também uma referência para pesquisas sobre o cinema indígena feminino”, informa o texto de apresentação da rede. “Nosso trabalho aborda questões centrais dos nossos povos, como a recuperação das memórias históricas, a reafirmação das identidades étnicas, a valorização dos conhecimentos tradicionais, das línguas e do papel das mulheres nas nossas sociedades.”

Quem faz a Rede Katahirine

Na coordenação da Rede Katahirine estão a cineasta, diretora e fundadora do Instituto Catitu, referência na formação de cineastas indígenas no Brasil, Mari Corrêa; a educadora popular, artista visual e cineasta, doutora em Cinema e Audiovisual pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e mestre em Antropologia Social pela Universidade Federal de Goiás (UFG), Sophia Pinheiro; e Helena Corezomaé, da etnia Balatiponé, jornalista e assessora de comunicação do Instituto Catitu, mestre em Antropologia Social pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), escritora, repórter, editora e fotógrafa. Natali Mamani, da etnia Aymara, é comunicadora, videoartista, cineasta, jornalista e assistente de coordenação da rede.

A Katahirine também conta com um Conselho Curador, formado majoritariamente por mulheres cineastas e pesquisadoras de povos originários de diferentes etnias, para garantir a participação indígena nas tomadas de decisão, promover articulações para incidência em políticas públicas que beneficiem a produção audiovisual das mulheres indígenas, elaborar e propor critérios da curadoria das cineastas e das obras, propor debates sobre temas relevantes para o coletivo e estabelecer diretrizes para o desenvolvimento das atividades da rede.

Atualmente, são parte do Conselho Curador as cineastas indígenas Graciela Guarani, da etnia Guarani Kaiowá, que dirigiu o projeto “Falas Da Terra” da TV Globo (2021 e 2023); Patrícia Ferreira Pará Yxapy, da etnia Mbyá-Guarani, diretora com passagens em Lisboa, Nova York e Berlim; Olinda Wanderley Yawar Tupinambá, da etnia Tupinambá/Pataxó Hã-Hã-Hãe, codiretora do “Falas Da Terra” que já produziu e dirigiu 10 obras audiovisuais independentes; e Vanúzia Bomfim Vieira, do povo Pataxó, mestre em Ensino e Relações Étnico-Raciais pela Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) e diretora do longa-metragem “Força das Mulheres Pataxó da Aldeia Mãe” (2019). Mari Corrêa, Sophia Pinheiro e Helena Corezomaé também são conselheiras. 

Instituto Catitu

O Instituto Catitu é uma organização que atua junto aos povos indígenas para o fortalecimento do protagonismo das mulheres e jovens indígenas na defesa de seus direitos por meio do uso de novas tecnologias como ferramentas para expressar, transmitir e compartilhar conhecimentos a partir de suas visões de mundo.

Apoio

A Rede Katahirine recebe apoio da Fundação Ford através do Projeto Rede Audiovisual das Mulheres Indígenas, da Rainforest Foundation Noruega por meio do projeto Aliança dos Povos Indígenas e Extrativistas pelas Florestas do Acre, e do Fundo de Direitos Humanos dos Países Baixos através do projeto Rede de Comunicação das Mulheres Pataxó.

É possível acompanhar a Katahirine por meio das redes sociais (Facebook e Instagram) ou pelo site da rede.

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