Papoom, o marketplace da favela

Aplicativo que une diversos segmentos comerciais da região nasce na Vila Torres para facilitar a vida de quem compra e vende

Se você não mora na Vila Torres, provavelmente não conhece o Papoom. Mas para quem é da vila, o aplicativo faz toda a diferença Com design acessível e disponível gratuitamente para uso, o aplicativo desenvolvido por Jean Pierre, morador da Vila desde criança e neto dos fundadores da primeira Associação de Moradores da Vila Torres, funciona no formato de marketplace e ajuda tanto a população, que muitas vezes encontra dificuldade para fazer compras por aplicativos convencionais (há lugares que não fazem entrega dentro da Vila), quanto para os comerciantes, que têm o serviço facilitado e expandido para toda a região.

O fundador da plataforma conta que a ideia surgiu num domingo comum, em que estava à procura de um restaurante aberto nos arredores de sua casa na Vila. Normalmente os comércios na Vila fecham cedo em dia de domingo, pouco depois do horário do almoço já não se encontra muitas opções de comércio em funcionamento. Jean conta que o aplicativo nasceu com o intuito de conectar consumidores, populações de comunidades, e comerciantes locais, mas também de uma urgência que talvez seja desconhecida a quem não mora em áreas periféricas: uma vez o próprio Jean tentou acessar um aplicativo de entrega, mas ao inserir o seu endereço na Vila Torres, foi informado que a região não é atendida por aquele aplicativo.

Na etapa de pesquisa e desenvolvimento do projeto, Jean conta que descobriu que essa era uma necessidade em escala nacional. Segundo o IBGE, são mais de 17 milhões de pessoas vivendo em comunidades periféricas, nas 15 mil favelas do Brasil. Ou seja, urge a necessidade de um programa que auxilie e repare esse déficit.

A pandemia também influenciou no desenvolvimento da plataforma, ampliando as áreas de trabalho, sendo pensado para atender também a serviços e produtos, para além de alimentos. “Entender que o mercado era muito maior, que a dor [a necessidade] que estávamos tentando resolver não era só minha, mas de mais de 17 milhões de pessoas, que vivem hoje em comunidades como a Vila Torres, e também acrescido com a questão da pandemia, foram as principais motivações para criarmos e acelerarmos o desenvolvimento da plataforma.”, diz Jean Pierre.

Para partir da idealização ao aperfeiçoamento da ideia e botar o projeto em prática, Jean contou com a ajuda de um especialista em inovação, Guilherme Pinheiro, que trabalhou junto para a materialização da plataforma. E hoje ele já conta com um time de 10 pessoas, que atende a startup vencedora do prêmio Rocket 2022. E o objetivo é sempre crescer e se expandir para mais comunidades.

O trabalho de pessoas como Jean Pierre deixa claro que a favela tem, além de muito potencial a oferecer, autossuficiência para com suas necessidades. O povo periférico não se arreda de trabalho, principalmente movido a qualquer incômodo e obstáculo. E a prova mais clara disso é o nascimento de uma ideia completamente inovadora e, de certa forma, revolucionária, dentro da Vila Torres. Muita sorte e sucesso, que a Papoom só cresça!

Esse texto faz parte do projeto Periferias Plurais, em que o Plural convida jovens de Curitiba e região a falar sobre suas vidas e suas comunidades. O projeto tem patrocínio do escritório de advocacia Gasam.

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