Para Andrei Moscheto, improvisar “deixa a consciência afiada”

Curitiba tem dois espetáculos em cartaz nesta semana com o artista, "Improflix", com nomes da cena local, e "Improvável", da companhia Barbixas

Artista com agenda cheia? Curitiba tem! Andrei Moscheto é um dos atores, diretores e improvisadores mais presentes nos palcos e nas telas daqui. O talento já ultrapassou as fronteiras do Paraná há tempos, não por sorte, mas pelo desejo de se aprimorar sempre. Ele é fundador do grupo teatral Antropofocus, tem 32 anos de carreira profissional, um portfólio de espetáculos de improvisação digno de ser aplaudido em pé, e também trabalhos premiados como ator (entre eles o Troféu Gralha Azul pela atuação como coadjuvante em “”Cão Coisa e a Coisa Homem”, de 2002, e o de Melhor Ator Coadjuvante no festival Cine PE, conquistado pelo elenco masculino do filme “Casa Izabel”, em 2022).

Quando a gente fala que a agenda dele é cheia, não é força de expressão. Nesta semana, por exemplo, ele está em cartaz com dois espetáculos de improvisação na cidade. Em um, o  “Improflix”, produção da companhia ImproDnA, ele está na direção e também no elenco. No outro, é o convidado especial de uma galera igualmente fera, a companhia Barbixas, que desembarca na cidade para apresentar “Improvável”.

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O Plural conseguiu um intervalo na agenda de Moscheto para uma entrevista por Whatsapp. No papo, ele falou de como é estar no palco com o “imponderável da novidade”, da conquista dos fãs, e também sobre a dificuldade que o improvisador enfrenta ao “abrir mão de qualquer segurança”. Leia a seguir. 

Você tem um trabalho consagrado como ator e os prêmios comprovam isso. Então, por que se dedica ao improviso moderno?

Talvez, a olhos externos, pareçam coisas dissonantes, mas o meu interesse no mundo da improvisação está completamente associado ao desejo de aperfeiçoar minhas qualidades técnicas em múltiplas áreas das artes cênicas. A improvisação deixa afiada a consciência nas escolhas de interpretação, a confiança nas demandas da direção, as possibilidades narrativas da dramaturgia. Tudo isso é treinado dentro do improviso moderno, fora que se trata da arte da adaptabilidade. Em todos esses prêmios que recebi, o resultado veio da adaptação entre o que a direção desejava e o que eu poderia oferecer.

Qual é o maior desafio e a maior satisfação para quem sobe ao palco para improvisar? 

O maior desafio é deixar de lado narrativas já amplamente testadas dentro da experiência de palco e se entregar para o imponderável da novidade a cada noite. Todo artista quer agradar e ser apreciado em seu trabalho, então, abrir mão de qualquer segurança é algo bastante difícil. A maior satisfação é a dúvida da plateia, quando as pessoas não conseguem acreditar que aquilo não existia antes, que não foi ensaiado para ser “tão perfeito”.

Hoje os grandes improvisadores do Brasil têm seguidores, fãs que formam uma comunidade ao redor desses artistas e das companhias. Na sua opinião, por que isso acontece? 

Acho que vale a pena separar aqui o “Improvável” de outras produções. A Cia Barbixas tem de longe um dos maiores fã-clube de improvisadores do Brasil pela qualidade de um trabalho, que se prolonga há mais de uma década e meia e que, graças a facilidade de plataformas de vídeo, chega a todos os cantos do país e agrada pessoas de diferentes extratos sociais e faixas etárias. Eu já recebi pedidos de convites de filhos de amigos meus, com 7 anos de idade, e da minha mãe que também é fã, aos 71 anos de idade. O fenômeno “Improvável” é algo à parte.

Agora, em relação aos meus trabalhos com a ImproDnA, aos trabalhos com improviso do Antropofocus, e a outros projetos dessa natureza, eu tenho algumas suposições sobre o que conquista os fãs: a sensação de poder novamente assistir “pela primeira vez”, quando se pode convidar amigos para ver algo que você também vai assistir de maneira inédita; o compartilhamento com a situação do artista, porque plateia e artistas sabem de que nada existe ‘a priori’, tudo será criado na hora e isso estimula um vínculo de confiança; e ainda tem outras coisas, mas ainda não tenho uma reflexão qualificada para comentar.

Qual é o melhor argumento para convidar alguém para assistir a um espetáculo de improvisação, como o “Improflix”? 

Se você gosta de cinema, imagine que vai ter um espetáculo que brinca com todos os clichês de cinema que você conhece. Se você gosta de coisas gourmet, imagine que um espetáculo será feito de maneira completamente customizada para você. Se você gosta de improviso, imagine um espetáculo em que dez artistas experientes vão criar histórias com a sua ajuda. Se você já comprou o ingresso, nem precisa imaginar: a gente se vê na quinta.

Serviço

“Improflix” (espetáculo dirigido por Andrei Moscheto)

Peça de teatro inteira de improvisação, com uma história que sai de um filme, ou melhor: um filme inédito que “sai” no espetáculo. Para quem está se perguntando como, no papel de roteirista está o público, é ele quem decide praticamente tudo – como nomes de personagem, uma situação inesperada, e outras coisas que entram em cena para a trupe resolver no palco e conquistar como resultado gargalhadas. A equipe de “Improflix”, produção da companhia ImproDnA, tem alguns dos grandes nomes do gênero teatral do improviso na cena curitibana e brasileira. Quem divide a condução do que vai acontecer no palco com o diretor Andrei Moscheto, é Breno Monte Serrat (música ao vivo), e Milena Sugiyama (iluminação). No elenco, estão Anne Celli, Larissa Lima, Sayuri Schmidt, Vítor Berti, Marcelo Rodrigues, Daniel Nascimento e Edran Mariano, e também o próprio Moscheto. Assistência de produção de Carlos Becker.

Quinta-feira (14) às 20h, no Espaço Fantástico das Artes (Rua Trajano Reis, 41 – São Francisco). Ingressos a partir de R$ 25 (meia entrada) mais taxas, à venda no site do Disk Ingressos.

“Improvável” (espetáculo com atuação de Andrei Moscheto)

Espetáculo de improvisação teatral da Cia. Barbixas, com participação do improvisador Andrei Moscheto. A obra parte do formato de jogos de improviso, com um mestre de cerimônias que apresenta as regras e escolhe um tema sugerido pela plateia para os atores criarem cenas na hora, em frente à plateia. “Improvável” foi idealizado pelo trio de humoristas Anderson Bizzocchi, Daniel Nascimento e Elidio Sanna, e conta com novos atores convidados a todas semana em cartaz. Muitos nomes conhecidos do humor nacional e internacional já se apresentaram com a Cia Barbixas, como Fábio Porchat, Marco Luque, Rafinha Bastos, Oscar Filho, Marianna Armellini, Maurício Meireles, Gustavo Miranda (Colômbia), Jose Luiz Saldanha (México), Mario Bomba (Portugal), César Mourão (Portugal), entre outros.

Duas sessões por dia, sexta-feira (15), às 20h e 22h, sábado (16), às 19h e 21h, e domingo (17) às 18h e 20h, no Teatro Up Experience (Rua Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300 – 2º andar – Ecoville). Ingressos a partir de R$ 45 (meia entrada) mais taxas, à venda para as primeiras sessões aqui e para as extras neste link.

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