No espetáculo “Improflix”, inteiro de improvisação, quem manda é o público

Com duas apresentações no teatro Miniguaíra, "Improflix" reúne alguns dos melhores nomes da arte do improviso em Curitiba e no Brasil

O nome do novo espetáculo da companhia ImproDnA é, no mínimo, curioso: “Improflix”. Para esclarecer qualquer dúvida, trata-se de um espetáculo de improvisação dirigida que promete muito riso (mas muito mesmo). A temporada é curtíssima, são apenas duas apresentações no teatro Miniguaíra nos dias 5 e 6 de agosto, e os ingressos já estão à venda na plataforma DiskIngressos

A referência feita à mais conhecida plataforma de streaming do mundo – a Netflix – foi escolhida para situar o público, quase todo mundo já se viu com o controle na mão tentando escolher algo bom para assistir. Em geral, tem uma ajuda do algoritmo que vai destacando coisas que devem ter a ver com seu gosto. Se viu um romance recentemente, vão aparecendo mais filmes do gênero ali. Assistiu a um filme com determinado ator, vem lá outro título com ele, e por aí vai. É mais ou menos assim, no papel de Al (apelido de “Algoritmo”), que está em cena Andrei Moscheto, o diretor à frente da empreitada de levar para o palco um espetáculo inteiro de improvisação dirigida.

Enredo 

A história de “Improflix” gira em torno de um filme. Só que quem cria o enredo é o público, conforme explica o diretor. Sem estragar a surpresa, mas explicando um pouco mais da proposta, a plateia realmente interage com os atores e com o diretor em cena. É ela quem decide praticamente tudo – como nomes de personagem, uma situação inesperada, e outras coisas que entram no roteiro para a trupe em cena resolver e conquistar como resultado gargalhadas. Tem que tomar cuidado para não sair do teatro com dor de barriga de tanto rir. 

Equipe

O desafio é grande, pede muita entrega e técnica, o que, junto com a coragem, sobra nesse grupo. Meio que dividindo com o diretor a regência do que vai acontecer ali, exclusivamente naquela sessão (porque improviso é assim – nunca é igual), tem Breno Monte Serrat, na música ao vivo, e Milena Sugiyama, na iluminação. No elenco, estão Anne Celli, Larissa Lima, Sayuri Schmidt, Vítor Berti, Marcelo Rodrigues e Edran Mariano, além do próprio Moscheto.

Dá tranquilamente para dizer que o público vai estar diante de alguns dos melhores nomes desse gênero teatral em Curitiba e no Brasil, todos eles já ultrapassaram as supostas dez mil horas de prática necessárias para alcançar a excelência em alguma coisa. 

ImproDnA

Foram inclusive Andrei Moscheto e Daniel Nascimento (da Cia. Barbixas de Humor) que “importaram” o formato de improvisação dirigida, e para isso foram beber na fonte. Passaram uma temporada no Canadá em 2011, estudando com um dos importantes nomes, senão o mais, do improviso moderno Donald Keith Johnstone (1933–2023). Na mala trouxeram, além de boas histórias para contar, a vivência necessária para montar aqui dois formatos criados por Johnstone, “Gorila” e “Resta 1”. Para quem pensa que o gênero não é sério, tem até copyright (marca registrada) para indicar que são espetáculos originais do mestre britânico radicado no Canadá. 

Com esses novos interesses após a viagem, foi que nasceu a companhia que assina a produção de  “Improflix”, a ImproDnA, que é inteiramente dedicada a espetáculos com 100% de improvisação. O Antropofocus, grupo do qual é impossível dissociar o nome de Moscheto, especializou-se cada vez mais em peças de teatro com recursos do improviso. 

O formato de “Improflix”, vem de Johnstone, mas também da inspiração no trabalho de outros grupos, como o espetáculo “Corten”, do espanhol MadridImprovisa. As premissas são as mesmas, é um jogo dramático entre os artistas e o público, que parte de atores que devem fazer um filme a partir de escolhas do público, com a condução de um diretor do filme e do espetáculo. Entre diferenças em comparação com “Gorila” e “Resta 1”, é que há apenas um diretor no palco. 

Desafio

Para a plateia, é diversão garantida. Entretanto, para os atores, é preciso enfrentar o medo e se despir da repetição ensaiada. Claro, o teatro é uma arte ao vivo, há espaço para uma gague ou uma cena improvisada, e o inusitado pode acontecer (cair um cenário, pular uma deixa). Mas o improviso moderno pede mais, é preciso gostar da adrenalina de andar na corda bamba sem rede de proteção.

“Quando a gente convida atores que não têm esse treino para trabalhar com a gente, a grande maioria não aceita, morre de medo. A última pessoa que não entrou em pânico foi Luiz Carlos Pazello (1961-2023), que Deus o tenha,” conta Moscheto. Pazello participou do espetáculo “No dia seguinte – a quase-história da televisão brasileira” (2016). 

“Improflix”, espetáculo de improvisação teatral

Dias 5 e 6 de agosto. No sábado, às 20h, e no domingo, às 19h, no Auditório Glauco Flores de Sá Brito (Miniauditório do Teatro Guaíra, na Rua Amintas de Barros, s/nº). Ingressos a partir de R$ 30 (meia-entrada), mais taxas à venda no site DiskIngressos. Duração média de 60 minutos e classificação para 14 anos ou mais. Outras informações aqui.

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