Para a poeta Luna Madsen, você procura o amor e encontra o mito

Com o livro de poemas "Vestido de espuma", escritora participa do lançamento coletivo "Implode", na Alfaiataria

Luna Madsen escreveu os poemas de “Vestido de espuma” entre os 18 e os 22 anos. “Então foi feito nesse contexto de primeiras aventuras, mas que já são de certa forma trágicas”, diz a escritora.

Na literatura, é a obra da francesa Marguerite Duras (1914–1996) sua referência mais importante. “Não chego nem perto [de escrever como Duras], mas o importante é que quando a leio tem algo que pulsa, e é essa pulsação que me guia”, diz Luna Madsen.

Luna Madsen

Com “Vestido de espuma”, ela procura olhar para relações que são idealizadas e depois fracassam. “Então resta agarrar as pequenas humanidades, um pouco de corpo, de gozo, de palavra compartilhada”, diz.

Neste sábado (16), Luna Madsen participa do lançamento coletivo de livros Implode, das 15h às 21h, na Alfaiataria (Rua Riachuelo, 274 – Centro). A seguir, confira a entrevista com a poeta.

Quais são os temas que perpassam “Vestido de espuma”? 
Para mim o livro é sobre você procurar o amor, mas encontrar o mito. Há a falência da relação que você queria que fosse real: seja com os seus pais, com o ser amado, com Deus, com Ulisses, com o nosso lugar aqui na Terra. Então resta agarrar as pequenas humanidades, um pouco de corpo, de gozo, de palavra compartilhada, e adorar isso. Adorar o que dá para ser. A questão da palavra/tradução também é tema, já que alguns poemas são em inglês. Pelo desentendimento também se seduz, há uma língua brasileira enroscada ali no beijo desse estrangeiro, que é sempre o outro, e que a princípio está sempre de partida.  

Que escritoras e escritores serviram de referência para você nesse livro? 
Acho que em tudo que escrevo a Marguerite Duras é uma referência. Ela é a escritora que eu diria “quero fazer isso”. Não chego nem perto, mas o importante é que quando a leio tem algo que pulsa, e é essa pulsação que me guia. Além disso, me interessa muito o erotismo religioso que existe nas obras da Hilda Hilst e então percebi que tentava um pouco isso no livro, sagrado e profano se convergindo. Essa questão do erotismo na obra foi surgindo inconscientemente, eu achava que eu era muito mais pudica. Isso me fez acreditar bastante na capacidade do livro de se sustentar, de ter uma vida para além de mim. Menos pudor, mais mistério.  

Você poderia falar um pouco sobre as circunstâncias em que escreveu os poemas de “Vestido de espuma”? 
Eu comecei a escrever “Vestido de espuma” com 18 anos, quando assumi que a minha vida teria uma relação muito estreita com a escrita. Terminei com 22. Então foi feito nesse contexto de primeiras aventuras, mas que já são de certa forma trágicas. O livro também já teve várias versões, houve muita seleção, os poemas amadureceram comigo. Mas finalmente me veio a ânsia de simplesmente largar o livro e publicá-lo. Embora sejam poemas, para mim o livro contém uma história, e já eram cinco anos concentrando energia nela. De repente tudo me pareceu muito tempo. E o título veio dessa sensação de terminá-lo, não sinto que consegui nomear de fato o livro, escolhi a imagem que considero mais forte para mim, desse vestido de espuma, decente, mas efêmero, em que resta toda a nudez. 

Livro

“Vestido de espuma”, de Luna Madsen. Edição independente, R$ 35. Poesia.

Sobre o/a autor/a

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