“O telefone preto” funciona também para quem não curte filmes de terror

Com um clima meio “Stranger Things”, filme fala de um garoto sequestrado que conversa com crianças mortas

“O telefone preto” parece funcionar bem em duas situações. A primeira é se você gosta muito de filmes de terror e assiste a tudo e qualquer coisa do gênero. A outra é se você não é muito de filmes de terror, mas tem uma queda por histórias bem contadas.

Baseado num conto escrito por Joe Hill, “O telefone preto” fala sobre uma cidadezinha americana assombrada por um bandido que sequestra crianças. Quer dizer, primeiro ele sequestra, depois ele dá um fim a elas. Talvez por se passar nos anos 1970 e por envolver crianças, é inevitável fazer um paralelo com “Stranger Things” e uma comparação com a série da Netflix não seria totalmente descabida.

Sobrenatural

Há também um elemento sobrenatural que, no filme, tem a ver com o objeto do título. É nesse telefone preto que Finney (Mason Thames), o garoto cujo sequestro a história acompanha, recebe telefonemas das outras crianças que também foram vítimas do sequestrador e que hoje estão mortas. Não bastasse isso, o telefone está desconectado e tem cara de que não funciona há bastante tempo. A não ser talvez para chamadas do além.

Não fica claro se esses telefonemas (o garoto chega a ouvir o telefone tocar) são mesmo sobrenaturais ou se eles ocorrem na cabeça do personagem. Isso nunca é explicado e essa é uma das graças de “O telefone preto”. Isso de ficar entre o mundo daqui e o do além, sem necessariamente atestar a existência desse “além”, Joe Hill deve ter aprendido com o pai, Stephen King.

Sequestrador

Outra graça é como o filme trata o sequestrador – mérito talvez do diretor Scott Derrickson, que fez o primeiro “Doutor Estranho” para a Marvel/Disney. Porque o sequestrador é interpretado por Ethan Hawke, mas com uma piscadinha: o rosto dele não aparece em momento algum. Algo fácil de fazer no livro, mas complicadinho de resolver no filme. (Não se preocupe, nada do que estou dizendo aqui pode ser considerado spoiler. Há muito mais no filme – e no desfecho dele – do que as informações contidas aqui.)

No cativeiro, em contato com as crianças sequestradas e assassinadas antes dele, Billy tenta descobrir uma forma de sobreviver. Com esse enredo, “O telefone preto” consegue subverter as expectativas que geralmente estão ligadas a histórias do gênero, inclusive por não apelar para o recurso manjado e irritante dos sustos-fáceis-que-não-são-nada, só uma janela aberta ou uma porta que range.

E o final é surpreendente, não tanto pelo que acontece nele, mas sim pelo modo como acontece.

Onde assistir

“O telefone preto” está em cartaz nos cinemas.

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