“Noites de Paris” narra pequenas histórias muito humanas

Inspirado no cinema francês dos anos 1980, “Noites de Paris” se concentra num grupo de pessoas com seus dramas e anseios

Uma certa nostalgia dos anos 1980 é o que anima as “Noites de Paris”, filme com Charlotte Gainsbourg em cartaz no Cineplex Batel.

Nos Estados Unidos, o cinema e a TV sentem saudades dessa época falando de videogames e outras traquitanas tecnológicas, e colocando os personagens para combater monstros de mundos paralelos.

Na França, a nostalgia dos anos 1980 tem a ver mais com histórias pequenas e muito íntimas, e com uma paleta específica de cores.

Nas “Noites de Paris”, do diretor Mikhaël Hers, Gainsbourg interpreta Elisabeth, uma mulher abandonada pelo marido – trocada por uma mulher mais jovem – que se vê responsável por um casal de filhos adolescentes sem nunca ter tido um emprego fora de casa.

Depois de chorar no ombro do pai, ela começa a procurar por um trabalho. Depois de algumas tentativas malsucedidas, ela decide arriscar e se candidata a uma vaga na produção do programa de rádio que costuma ouvir de madrugada, “Passageiros da noite”.

Elisabeth tem muitas noites insones e gosta da maneira como Vanda (Emmanuelle Béart) conduz os ouvintes: as pessoas ligam para falar um pouco de si e essas conversas são entremeadas por música.

Elisabeth consegue a vaga – não parece haver muita gente disposta a trabalhar madrugada a dentro – e fica responsável por filtrar as ligações, escolhendo os ouvintes que vão conversar com Vanda no ar.

Noites de Paris

Esse ponto de partida singelo serve para que Mikhaël Hers fale sobre pessoas e sobre vidas comuns. São histórias pequenas que podem dizer algo a alguém com problemas ou sentimentos parecidos. Como, aliás, o melhor cinema francês fez e ainda faz.

Porém, “Noites de Paris” tem um padrinho evidente: Éric Rohmer (1920–2010), um dos gigantes do cinema francês que adora fazer filmes pequenininhos como “O amor à tarde” (1972) e “Pauline na praia” (1983). E pequenininhos porque eram produções discretas, sempre com atores excepcionais, sem grandes ousadias de câmera, mas com roteiros e histórias ousados e extremamente humanos. No caso de “Noites de Paris”, a referência aparece quando os personagens entram no cinema para ver  “Noites de lua cheia” (1984).

Assim, inspirado em Rohmer, “Noites de Paris” se dedica a contar os anseios e dramas de um grupo de pessoas vivendo em Paris na primeira metade dos anos 1980. Há a mulher divorciada que encontra algo em que se agarrar num emprego ruim que a fascina, o filho adolescente que não se preocupa com nada que não tenha um par de seios (e que não seja sua mãe) e uma jovem de passado obscuro que surge do nada para marcar essa família e ter a vida marcada por ela.

Onde assistir

“Noite de Paris” está em cartaz no Cineplex Batel, do Shopping Novo Batel, em Curitiba.

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