Filme com produtor curitibano entra no Festival de Cinema de Veneza

"Finalmente eu" é uma das produções brasileiras que pode ser premiada no festival de cinema mais antigo do mundo, que também é um dos mais importantes

Entre as quatro produções brasileiras selecionadas para a edição deste ano do Festival Internacional de Cinema de Veneza, que acontece de 30 de agosto a 9 de setembro, o mais antigo e um dos mais importantes do mundo, está um curta-metragem com certo sotaque curitibano. “Finalmente Eu”, filme em realidade virtual com direção de Marcio Sal, tem produção de Eduardo Calvet e de Felipe Haurelhuk – que deixou sua cidade natal, Curitiba, para estudar cinema em 2004.

A torcida é para que o Leão de Ouro da mostra Venice Immersive – uma mostra paralela do evento – venha na mala do trio para o Brasil. Até mesmo porque os dois outros curta-metragens brasileiros que estão nesse braço mais high-tech do evento não fazem parte da seleção competitiva, são eles “Queer Utopia: Act I Cruising”, de Lui Avallos; e “Origen”, da argentina radicada em Florianópolis, Emilia Sanchez Chiquetti. O longa-metragem “Sem Coração”, de Nara Normande e Tião, é o outro candidato a prêmio, mas em outra mostra do Festival de Veneza, a Orizzonti (horizontes), dedicada a novas tendências estéticas.

Leia também: Jorra sangue nos bastidores de “Nunca terão paz”, da Vigor Mortis

“Finalmente eu”

O curta apresenta uma história de superação. Saulo, um músico de um bordel carioca, viveu sentindo rejeição e vergonha. Mas, inspirado pelo Carnaval, passa por uma transformação e chega à autoaceitação pelo poder da música.

A criatividade não está só no enredo. Haurelhuk conta que a escolha por uma produção em realidade virtual foi um desejo do diretor, um entusiasta da tecnologia. “Ele fez um mestrado na área, aperfeiçoou-se no assunto; e o tema do filme é a libertação do seu protagonista de uma espécie de enclausuramento social”, diz ele.

Cinema em realidade virtual

Essa escolha possibilitou a entrada da obra especificamente na categoria imersiva do evento, que foi o primeiro grande festival de cinema com um espaço para trabalhos do gênero. O recurso muda a relação do público com as obras audiovisuais, que sai do lugar de espectador passivo, diferente de um filme tradicional projetado na sala de cinema, nesse caso é preciso assistir com óculos de realidade virtual. “A pessoa pode movimentar a cabeça e andar através de um cenário construído virtualmente, tem a sensação de ter sido transportada para uma outra realidade, e também precisa ajudar o nosso protagonista na jornada”, fala o produtor. 

Para explicar um pouco mais o que é um filme em RV, Haurelhuk destaca a experiência imersiva: “O espectador está totalmente envolvido pelo que está sendo exibido, sem distrações. “Finalmente Eu” é em realidade virtual porque aquele universo foi criado artificialmente, e é interativo porque a história só chega ao fim com a ajuda de quem assiste”. Até a duração do filme muda, não é fixa, mas de aproximadamente 15 minutos a depender da jornada de cada espectador. 

E o grande público?

Questionado sobre quais as possibilidades da produção ser assistida por um número significativo de pessoas, o produtor diz que o objetivo do filme é circular para ser vista pelo público, inclusive com a participação em mostras e festivais. “Queremos que essa tecnologia se torne cada dia mais acessível para as pessoas; sabemos que ainda existem limitações, mas apostamos no formato e queremos fazer parte deste momento de franco desenvolvimento do VR no cenário audiovisual internacional”, afirma Haurelhuk.

Trailer de “Finalmente eu”

Sobre o/a autor/a

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O Plural se reserva o direito de não publicar comentários de baixo calão, que agridam a honra das pessoas ou que não respeitem níveis mínimos de civilidade. Os comentários são moderados por pessoas e não são publicados imediatamente.

Rolar para cima