Festival de Curitiba conquista patrocínio de longo prazo e nota mudança no público

Diretores falam da importância do contrato com a Petrobras, sobre plateias e curadoria, e também divulgam data marcada para o evento no próximo ano

O 32º Festival de Curitiba chegou ao fim com números que confirmam sua importância no segmento da economia criativa. Neste ano, o evento que é o maior das artes cênicas na América Latina teve cerca de 300 atrações apresentadas em 50 espaços diferentes na cidade e Região Metropolitana, público estimado de 200 mil pessoas, mais de 1.800 trabalhadores envolvidos (entre artistas e técnicos) e cerca de 2 mil empregos diretos gerados. 

Os dados divulgados falam de sucesso e também sobre os bastidores de um evento dessa grandeza. Em entrevista coletiva para a imprensa sobre o balanço desta edição, os diretores do Festival de Curitiba, Leandro Knopfholz e Fabíula Passini, falaram sobre o orçamento e a importância do novo contrato de patrocínio assinado com a Petrobras, da receptividade das plateias, e da manutenção da equipe de curadoria. No encontro, também foi anunciada a data marcada para o festival acontecer no próximo ano, de 24 de março até 6 de abril de 2025. 

Quanto custa o Festival de Curitiba?

O orçamento do Festival em 2024, somando todos os produtos que fazem parte da programação (MishMash, Risorama, Guritiba, Fringe, Mostra Lúcia Camargo, e Gastronomix), é de R$ 10 milhões, segundo Knopfholz. “É um dinheiro difícil de levantar, mas a gente tem mais de 80 patrocinadores e a bilheteria, mais a lojinha, então conseguimos cobrir com essas fontes de receita”, diz ele. Nesse grande grupo de patrocinadores estão empresas que direcionam valores, através da Lei Rouanet, entre R$ 1.500 até R$ 2,5 milhões, como a Petrobras.

Tranquilidade como recurso

Conforme anunciado por Knopfholz na abertura do 32º Festival e confirmado na entrevista de encerramento, o cenário deve ser melhor daqui para frente a partir do contrato de patrocínio com a Petrobras – firmado pela primeira vez para três anos. Knopfholz afirma que, sem patrocínios de longo prazo acordados previamente, os produtores se propõem a fazer uma nova edição do evento a cada ano, porém sem saber qual festival será. 

“Em dezembro e janeiro, não sabíamos ainda qual seria o tamanho da edição de deste ano, é uma loucura”, diz ele e explica que, mesmo se tratando de apenas uma empresa, a certeza da verba diminui significativamente a angústia da não antecipação. “É muito importante, não banca todas as despesas, mas nos dá fôlego e antecedência para fazer o Festival com muito mais tranquilidade. A gente fala de ter dinheiro e não coloca a tranquilidade como recurso fundamental na produção de um grande evento, mas ela é”, explica o diretor.

Mudança no público curitibano, ingressos e curadoria

Também para Fabíula Passini, existem outros dados que mostram o sucesso do festival e indicam caminhos para o próximo ano, como a impressão de que “o público de Curitiba está mudando”. A suspeita vem da observação dos aplausos ao final dos espetáculos: “As pessoas aplaudiram muito, sem parar, alguns produtores precisaram pedir para o pessoal sair [do teatro].”

Em resposta à pergunta do Plural sobre a motivação da alta procura por espetáculos da Mostra Lúcia Camargo, com ingressos esgotados pela primeira vez, a diretora confirma que a mudança influencia nisso e acrescenta outro ponto: “É uma resposta muito linda do público e efeito da curadoria maravilhosa.” 

Respondendo a nossa equipe sobre a permanência dos curadores, Fabíula anunciou – antes mesmo de conversar com Giovana Soar, Daniele Sampaio e Patrick Pessoa – o time responsável pela seleção das atrações deve ser mantido por mais um ano, completando três edições do evento. Assim, apesar da produção do festival buscar a visão de outras pessoas e tradicionalmente manter essas equipes por dois anos em uma proposta que tem começo, meio e fim, o trio poderá amadurecer ações pensadas em 2023 e que ainda não foram realizadas.

Para todos

Os diretores também comentaram sobre o sucesso de iniciativas que devem continuar no caminho futuro do evento, como decisões relativas à diversidade e o intercâmbio da cultura nacional. 

Entre as ações destacadas, está a primeira Mostra Surda de Teatro do Brasil, com curadoria da dupla curitibana formada pela diretora, atriz, professora e tradutora de Libras Rafaela Hoebel, e pelo tradutor-intérprete e professor de Libras Jonatas Medeiros. Nela foram apresentados sete espetáculos, do Paraná e de outros estados, inclusive infantis, dando protagonismo para os surdos ocuparem um espaço quase sempre negado para sua comunidade – o palco. 

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Nesta edição, também foram apresentados espetáculos de cinco regiões do Brasil e dos países Argentina, Peru, Chile e Bolívia. Além disso, o “Eixo Amazônico” trouxe atrações da cultura popular e temas ligados ao bioma e aos povos originários, como os bois de Parintins que pela primeira vez foi apresentado no Sul do Brasil. 

Fomento para a economia criativa

O evento também promoveu o segunda edição da Rodada de Conexões, em parceria com o Sebrae/PR, que organiza encontros entre curadores, programadores de teatro e festivais, companhias independentes e artistas. A expectativa é de que as atividades resultem em faturamento superior a R$ 10 milhões em novos negócios na área da cultura. Ainda como parte das ações formativas do Festival, chamadas de Interlocuções, representantes do Ministério da Cultura e da Coordenação de Patrocínio Cultural da Petrobras apresentaram detalhes e esclareceram dúvidas sobre o Programa Petrobras Cultural – Novos Eixos, lançado em fevereiro. 

32º Festival de Curitiba em números

– Público de cerca de 200 mil pessoas;

– + de 300 atrações;

– + de 100 atrações gratuitas;

– + de 50 espaços/locais da cidade

– + de 55 atrações no sistema Pague Quanto Vale (Fringe);

– + de 20 toneladas de cenários e equipamentos de luz e som;

– + 2 mil empregos diretos;

– + de 1800 trabalhadores da cultura entre artistas, técnicos e produção;

– + de 20 musicais (05 na Mostra Lucia Camargo; 04 na Temporada de Musicais; 02 na Guritiba e 10 no Fringe);

– Participação de espetáculos vindos das cinco regiões do Brasil e de 12 estados (AL, DF, MT, PR, SP, MG, MA, RS, ES, SC, AC, RJ);

– Participação de companhias de quatro países:  Argentina, Peru, Chile e Bolívia;

– Programação de espetáculos em cinco cidades metropolitanas: Araucária, Campo Largo, São José dos Pinhais, Campina Grande do Sul e Pinhais.

Mostra Lucia Camargo

– 22 espetáculos;

– 03 estreias nacionais;

– 48 sessões com ingressos esgotados;

– 05 sessões extras;

Fringe

– 285 atrações;

– 39 espetáculos de rua;

– 32 espaços diversos no circuito independente – de grandes teatros a estúdios de companhias locais;

Guritiba

– 12 instituições sociais atendidas pelo Guritiba

– 3.500 mil espectadores no Guritiba

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