Sandra Helena Fernandes Lazerri, 61, faleceu no último dia 3, vítima de um AVC. Ela foi levada pela família até a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) do Cajuru, em Curitiba, mas demorou 7 horas para ser internada.
Dona Sandra morava no Jardim das Américas. No dia 2 pela manhã ela estava indisposta, mas consciente e orientada. À noite, por volta das 19h, o quadro se agravou e às 20h30 a família buscou ajuda na UPA.
De acordo com a filha da paciente, Ana Paula Kroich Guidin, já na triagem houve mau atendimento. “Queria que ela falasse, eu disse que ela não estava respondendo. A gente não sabia o que estava acontecendo (…) ele falou que se fosse AVC há mais de seis horas não adiantava fazer mais nada porque ela ia ficar com sequelas”, contou Ana Paula.
Depois da triagem a família achou que a idosa seria priorizada, mas apenas depois de duas horas teve atendimento com a médica, que solicitou outros exames e medicação.
“Eu tive uma surpresa, porque não existe prioridade nenhuma. Você vai lá, dá o nome e vai para uma fila onde está todo mundo, não interessa gravidade da doença pessoa”, lamenta.
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Na noite em que dona Sandra precisava dos exames havia ao menos 20 pacientes à frente dela, segundo a família. Bastante debilitada, segundo informações da filha, a paciente caía da cadeira de rodas, e urinava por não conseguir controlar.
Com a delonga para a realização dos exames a família pediu ajuda aos funcionários e disseram que se a paciente não passasse pelo atendimento mais rapidamente corria o risco de morrer. “Ela [a atendente] me disse: eu não posso fazer nada (…) Aquelas enfermeiras estudaram para cumprir um protocolo, não foi para salvar vidas”, lamenta Ana Paula.
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Apenas sete horas depois de dar entrada na UPA, por volta das 3h30 do dia 3 de abril, a paciente foi internada. Porém, faleceu às 10h20 no dia 4 de abril, antes de realizar uma tomografia ou ser encaminhada para um hospital. No atestado de óbito a causa da morte é AVC.
Dados da Secretaria indicam que o a média de espera para classificação de risco foi de 16 minutos em abril. Já para o atendimento urgente o tempo foi de 47 minutos e o pouco urgente de 3 horas e 5 minutos. No dia em que faleceu a paciente Sandra foram atendidas 654 pessoas na UPA.
A classificação dos pacientes segure o Protocolo de Manchester, que não prevê a ordem de chegada, mas sim a gravidade para a prioridade clínica. Embora o internamento da paciente tenha demorado 7 horas, a SMS explica que “Além da prioridade clínica, o sistema informatizado prioriza na classificação de risco os idosos (acima de 65 anos), bem como as demais prioridades previstas em lei”.
O que diz a Secretaria de Saúde
Em nota a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) informou que “lamenta o óbito e esclarece que a paciente deu entrada na UPA Cajuru, no dia 2/4, passando por classificação de risco às 20h48”. A SMS também esclareceu que a pacientes “foi atendida às 22h24 por médico e encaminhada para sala de observação da UPA Cajuru, para medicação e realização de exames. Na madrugada, quando seu estado de saúde tornou-se crítico, foi transferida para a sala vermelha, de emergência, na UPA, para realização das intervenções necessárias. Infelizmente, no dia 3/4, pela manhã, veio a óbito”.
A pasta diz também que os detalhes do atendimento da paciente serão “apurados nas devidas instâncias”.
Infelizmente a superlotação, a saturação dos profissionais, pessoas que abusam pra furar fila e o eterno sucateamento do SUS para não concorrer com planos de saúde/medicina particular fazem da nossa visita à UPA uma roleta-russa. Se der sorte na triagem com a boa vontade do atendente e tiver com os sintomas “certos”, pode conseguir uma vaga adequada. Senão…
Muito triste pelo ocorrido, falta de atenção, falta de respeito com o povo que precisa de atendimento na UPA. Ninguém vai até um Posto de Saúde ou uma UPA por que quer, vai porque precisa mesmo.
Meus sentimentos aos familiares 😢
“Idosa espera 7 horas por INTERNAÇÃO…”
Meus sentimentos à família.