“Blonde” falha em seduzir o público como Marilyn Monroe fazia e faz

Vou começar por assumir: não, eu não li o romance “Blonde” (2000), de Joyce Carol Oates, em que o filme foi baseado. Mas, quando uma adaptação é feita para o cinema, o esperado é que não seja preciso ler a […]

Vou começar por assumir: não, eu não li o romance “Blonde” (2000), de Joyce Carol Oates, em que o filme foi baseado. Mas, quando uma adaptação é feita para o cinema, o esperado é que não seja preciso ler a obra original para se encantar diante da tela. Ou seja, mora aqui o primeiro pecado de “Blonde” (e não ao lado), talvez apenas quem conhece as páginas que deram origem ao longa se deixe levar facilmente.

Só que esse nem é o maior deslize. Uma presença constante empata o affair que deveria rolar com o público, é David Lynch. E nem é preciso conhecer muito da obra dele para sentir o incômodo que acaba com o charme de um enredo sobre uma das loiras mais sedutoras da história do cinema, senão a mais entre todas: Marilyn Monroe (1926–1962).

Marilyn Monroe

A gente cruza com o Lynch nas sequências coloridas misturadas com outras em preto e branco. Tudo bem, isso não é exclusividade dele. Mas, também tem aquela linha tênue entre o real e o onírico (dá até para dizer delirante) e alguns enquadramentos. Ainda tem a trilha sonora, se fechar os olhos perto do fim, você fica na dúvida se estaria assistindo a “Twin Peaks“. É, o roteirista e diretor Andrew Dominik nem tentou ser santo nessa. Muito menos o Nick Cave, que assina grande parte da trilha. Eles, inclusive, foram parceiros em produções anteriores.

“Blonde”

Como já deu para notar, o complicado foi o conjunto de escolhas. As cenas mostram muita nudez, aborto e sexo com pouco romance (convencional), o que desagradou muita gente. Só que, no fundo, era de se esperar. Seria algo fora do comum apresentar a “Blonde” sexbomb sem escorregar em alguma curva da história, seja na infância sofrida marcada por uma mãe esquizofrênica e passagens em orfanatos, nos amores frustrados, nos abusos sofridos ou no sex appeal que levou Norma Jeane até a Marilyn Monroe.

Ana de Armas

O enredo tenta ser original, porém a sombra da filmografia de Lynch junto com a overdose de vitimismo na protagonista (Ana de Armas) atrapalham. A expectativa em geral também foi traída por não se tratar de uma biografia, ou cinebiografia como tentaram definir o gênero de “Blonde”. Assim, é claro, não se pede fidelidade aos fatos da trajetória da atriz da era de ouro de Hollywood, que vive no imaginário do público mesmo 60 anos após sua morte. Só que saber disso não basta.

Onde assistir

“Blonde” está em cartaz na Netflix.

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