Anne Celli fala do teatro em sua vida e como foi estrear na direção de uma peça do Antropofocus

A artista é a diretora do espetáculo "Pela hora da morte", que volta em cartaz para comemorar os 23 anos do grupo

O grupo curitibano Antropofocus comemora 23 anos na ativa com uma nova temporada da comédia “Pela hora da morte”, as apresentações são de quinta-feira a domingo (26 a 29), no Teatro Zé Maria. A montagem é uma sátira aos atendimentos de saúde e marca a estreia de Anne Celli na direção teatral. Em cena, está o humor ácido que tornou a companhia uma das mais presentes nos palcos da cidade e também na preferência do público. 

Anne é uma daquelas figuras que acertaram em suas escolhas. O teatro a fascinou quando ainda estava no ensino médio, nos anos 90, quando estudava em uma escola pública que, sim, levava os alunos para assistirem a espetáculos. Depois vieram os cursos até chegar na Faculdade de Artes do Paraná (FAP, hoje Unespar), onde conheceu muitos dos que estão com ela até hoje na jornada pela e para a arte. Foi ainda na época em que cursava a FAP que ela entrou para a CiaSenhas de Teatro e, posteriormente, no Antropofocus – grupo que usa a metodologia da improvisação em seus espetáculos teatrais. Hoje já são quase duas décadas pesquisando e trabalhando com linguagens distintas de atuação.

O Plural conversou com a atriz e diretora, que demonstra um profundo respeito pelas pessoas da plateia ao dizer “nossa existência depende deles”. Leia mais sobre a trajetória de Anne Celli e sobre a peça de teatro “Pela hora da morte” na entrevista a seguir. 

A improvisação teatral é forte na identidade do Antropofocus, bem como no trabalho dos integrantes do grupo. Como foi que ela surgiu em sua carreira?

A improvisação sempre esteve à espreita, sempre estava presente nos cursos que fazia. Mesmo sem saber que estava improvisando, na minha primeira montagem na escola, minha personagem foi surgindo nos improvisos. Então participei de um curso nos Satyros, aqui em Curitiba, com um módulo de improvisação, ministrado pela Ana Fabrício; ali estudávamos Theatresports: um misto de brincadeira com a descoberta de uma técnica para criar histórias junto com outras pessoas. No Antropofocus, aprofundamos a linguagem como metodologia para criação de peças de teatro, aulas e também espetáculos de improviso. Isso abriu possibilidades para participar de montagens de outros grupos e artistas, como “Histórias mínimas”, do colombiano Gustavo Miranda, e “Improvável”, da paulistana Cia Barbixas de Humor. Agora, novos projetos estão surgindo com possibilidades de intercâmbio no futuro.

São quantos anos como integrante do Antropofocus? 

No Antropofocus, estou desde 2006. Eu entrei como atriz e, desde então, me especializei na dramaturgia cômica e no trabalho de sala de aula que o grupo oferece, até que assumi a direção neste último espetáculo. Também estou muito feliz com a volta do “Pela hora da morte” ao palco para comemorar os 23 anos do grupo.

“Pela hora da morte” é sua primeira direção no teatro? Como foi a experiência?

Eu fiz alguns trabalhos de assistência de direção na CiaSenhas e já tinha dirigido espetáculos de teatro de rua. Dentro do Antropofocus, é a primeira vez que assumi o papel de diretora. Para mim, foi muito novo, é um desafio estar em cena e na direção ao mesmo tempo. E ainda estou compreendendo o que é!

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De quem é o texto do espetáculo e qual foi a inspiração? 

“Pela hora da morte” era um projeto pessoal e eu convidei o grupo Antropofocus para participar. Originalmente, a inspiração foi uma microcena que eu escrevi, em um dos meus cadernos, com uma personagem mulher que passa a história toda dentro de um saco mortuário. 

O texto do espetáculo foi criado no meio do caos da pandemia, quando eu, Andrei Moscheto e Bialopse nos encontrávamos online, depois em parques, depois presencialmente com máscara. Estávamos sendo atravessados pela pandemia e a pergunta era como criar no meio disso. Situações absurdas como da Prevent Sênior, oxigênio em Manaus, mulheres afegãs perdendo seus direitos conquistados nos últimos vinte anos, todas essas questões eram como um quebra-cabeça presente na peça, mesmo que não diretamente.

Qual a expectativa para esta nova temporada? 

Queríamos comemorar os 23 anos junto com a plateia, porque a nossa existência depende deles. E “Pela hora da morte” foi uma escolha significativa, é um espetáculo do nosso repertório e que volta em cartaz para uma curta temporada completamente independente. Então a gente espera que você e os leitores comprem um ingresso para curtir a peça e também ajudar o Antropofocus a comemorar o seu vigésimo quarto aniversário, no ano que vem!

Espetáculo “Pela hora da morte”

Do Grupo Antropofocus, com direção de Anne Celli. De quinta-feira a sábado (26 a 28), às 20h, domingo (29), às 19h, no Teatro Zé Maria (Rua 13 de maio, 655 – Centro). Os ingressos podem ser comprados antecipadamente no site Disk ingresso, a partir de R$ 15 (meia-entrada). Outras informações no Instagram da companhia.

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