“Anjo Maldito” faz sessões em um Guaíra pouco conhecido

O espetáculo inspirado na obra de Jean Genet “Diário de um Ladrão” faz apresentações na Carpintaria Teatral, que estava desativada nos fundos do Guairinha

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Segue em cartaz até o próximo domingo (19) o espetáculo “Anjo Maldito”, com direção de Maurício Vogue, assistência de direção de Isidoro Diniz, e texto de Rhenan Queiroz. A montagem é uma livre adaptação do livro “Diário de um Ladrão” (1949), do escritor e ativista francês Jean Genet (1910-1986), e oferece uma chance única para o público: conhecer a Carpintaria Teatral desativada nos fundos do Guairinha. Os ingressos são gratuitos.

“Anjo Maldito”

A peça teatral é uma aventura poética e mantém a essência da obra do autor, um dos dramaturgos mais montados nos últimos tempos; com elementos autobiográficos, fala do mundo de quem vive à margem da sociedade. Jean é o protagonista que vive uma relação com Stiliano, personagens interpretados pelos atores negros Glayson Cintra e Lucas dos Santos. A escolha do elenco está ligada ao histórico de Genet na luta contra o racismo.

Adaptação

Isidoro Diniz é o idealizador do espetáculo e pensava em levar aos palcos a montagem desde 2007, nessa mesma época decidiu chamar Vogue para a direção e Queiroz para desenvolver a dramaturgia. Os dois convidados já haviam trabalhado como parceiros em várias produções anteriores, como por exemplo o musical ‘Fusca, Rock e Pornochanchada’, da banda “Denorex 80”. Mas a escolha de Queiroz para a adaptação veio da busca pela inovação. “Por essa linguagem mais contemporânea, com o olhar e o lugar de fala da geração mais nova”, fala Diniz explicando que Queiroz surpreendeu a todos. 

Espaço inusitado

A encenação pediu um local alternativo por aspectos relacionados ao livro de Genet e também pela concepção criativa. Avaliaram várias opções, contudo foi a carpintaria desativada no Teatro Guaíra que se mostrou como ideal. Ainda segundo Diniz, apesar da peça não ter a natureza do teatro imersivo, a relação com o espaço traz elementos do gênero para a cena. “O Maurício [diretor] fala disso porque, como é um lugar aberto, a gente pode aproximar o ator do público e o público do ator; cria-se todo um universo intimista”, diz o responsável pelo projeto.

Jean Genet 

“Anjo Maldito” é a terceira montagem da Cia. Nossa Senhora do Teatro Contemporâneo, a partir da obra do dramaturgo francês. A primeira foi “Querelle”, no ano 2000, dirigida por César Almeida; e “As Malcriadas” foi a segunda, em 2014, com direção assinada pelo próprio Diniz. 

O interesse por Genet surgiu pelo tom particular que o autor imprime ao falar do universo masculino sob o ponto de vista marginal e da homossexualidade. Ainda existe o fascínio pela maneira do dramaturgo trazer a vida de pessoas comuns para a cena, algo que Diniz também reconhece nas obras de Fernando Arrabal: “Esses autores sempre me encantam pela sua liberdade”.

Peça teatral “Anjo Maldito”

Temporada até domingo (19), às 20 horas, na Carpintaria Teatral nos fundos do Guairinha (entrada pela rua Amintas de Barros). Sessão extra apenas no dia 19, às 18 horas. Os ingressos são gratuitos e distribuídos diretamente no local uma hora antes da apresentação. O espetáculo é indicado para maiores de 18 anos. Outras informações, aqui.

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