Atrasada, mas em tempo. Vi a primeira temporada de “Andor” na Disney+, depois de driblar muitos spoilers. Valeu cada minuto de espera. A série é brilhante e superou expectativas se tornando a melhor da franquia Star Wars.
O ponto mais positivo é deixar muito claro do que se trata a franquia: a analogia entre Estados Unidos e Vietnã, ou, no universo Star Wars, entre Império Galáctico e Rebelião.
“Andor”
Cassian Andor (Diego Luna), um personagem que já é conhecido por “Rogue One: uma história Star Wars” [cabe aqui um colchete – diferente dos haters, gostei do filme], entrega tudo e vai além da biografia da personagem – que nós já sabemos que morre.
A série ocorre cinco anos antes da batalha de Yavin. É mais uma lacuna coberta pelas séries derivadas da Disney+. Só que dessa vez, com a medida certa de nostalgia, bem autônoma e sem ter a necessidade de seguir o cânone do universo.
Andor hesita o tempo todo antes de tomar a decisão de se aliar à Rebelião. A contradição do personagem caminha paralelamente às articulações dos rebeldes para parar com os abusos do Império, que age de forma absolutamente truculenta.
Esse cenário – que já é bem marcado na franquia – se constrói sem a necessidade de citar Jedis. Há ação, naves, droides e, claro, Stormtroopers que deixam os fãs confortáveis com o avanço da vida de “Andor” durante a série.
Episódios
Não há episódio morno em “Andor”. Cada um deles revela novas situações que se resolvem no subsequente. O elenco qualificado tem Stellan Skarsgård, Adria Arjona, Fiona Shaw e Denise Gough, que dá vida à sinistra Dedra Meero, deixa a série recheada de boas atuações e a torna mais interessante que o filme da qual é derivada (“Rogue One”).
O respeito aos preceitos do criador George Lucas alerta o expectador o tempo todo do perigo das ditaduras e da importância da resistência das minorias. O clima de espionagem também é um ponto positivo da série, que tem 12 episódios.
Nunca vi nada de Star Wars
Embora haja easter eggs durante a série para contemplar os aficionados, quem acha que ficção científica não é muito a sua praia pode se surpreender com a série “Andor”.
Elimine tudo o que você sabe sobre Star Wars e conheça a história de um humano que sofre as consequências das ações ditatoriais do Império ao longo de toda vida (nem parece ficção).
Andor traz relações familiares e afetivas, e discute meio ambiente, cultura, relações de trabalho. É uma aula de sociologia e de política.
Os episódios são bem-produzidos e longos – o último tem quase uma hora – então há tempo para que os novatos em Star Wars se ambientem nessa galáxia muito, muito distante.
Espionagem
A humanização das personagens também é um fator que aproxima o expectador de “Andor”. São pessoas comuns, que trabalham, têm suas famílias e, que por vezes, fazem esse jogo duplo de espionagem. A trama é muito bem amarrada nessa construção que demonstra as mazelas do totalitarismo.
A segunda temporada já está confirmada, mas ainda não há data de estreia e o mais importante: tem pós-créditos no último episódio. Fique de olho.
Onde assistir
A primeira temporada de “Andor” está disponível no Disney+.