No ano passado um amigo me emprestou um livro de um autor que eu não conhecia: A vida e as mortes de Severino Olho de Dendê, de Ian Fraser. “Você gosta de ficção. Tenho certeza que vai adorar esse”, e me entregou o livro, que tem 302 páginas. E eu viajei até o planeta Cabula XI.
O livro conta a história de um terráqueo chamado Severino, soldado da Federação Setentrional, que foi vítima de uma explosão durante uma investigação e teve partes do corpo substituídas por componentes cibernéticos.
O melhor amigo dele é Bonfim, um puiuiú que é um caçador de recompensas alienígena. A essa altura parece que estamos falando de Star Wars (vale a comparação), mas à medida que a leitura avança sabemos que estamos falando de problemas da Terra – e mais especificamente problemas do Brasil.
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A dupla retoma a investigação que quase matou Severino e a história conduz o leitor para além das galáxias num enredo com muito de Nordeste.
A trama também apresenta personagens fortes, como a terráquea Filomena – por quem Severino é apaixonado – mas que integra o grupo chamado “Paladinas do Sertão”, organização revolucionária que, claro, é rival da Federação na qual trabalhava o protagonista e a capivara geneticamente modificada Antonieta.
Além de um enredo muito bem amarrado, o projeto gráfico do livro é bonito, assinado por Anderson Junqueira. A arte de capa, de Breno Loeser. Entre os capítulos há trechos de músicas brasileiras, que imediatamente acionam a memória do leitor. (Tem até uma playlist do livro no Spotify).
Não à toa o livro foi semifinalista do prêmio Jabuti, na categoria ‘romance de entretenimento’, em 2023. As referências não se limitam à cultura pop. Para quem acompanha notícias de Poder é um deleite perceber as críticas aos políticos e seus comportamentos.
A vida e as mortes de Severino Olho de Dendê é acerta o tom ao mesclar crítica e entretenimento. Vale muito a leitura.
As vidas e as mortes de Severino Olho de Dendê
Intrínseca, 304 páginas, R$ 59,90.
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