Um presente para o futuro das mulheres

O futuro é feminino. Uma prosa sobre sustentabilidade social

A data que marca o dia Internacional da Mulher, 8 de março, é uma oportunidade de reflexão, de reconhecimento da situação histórica sobre como estamos vivendo e cuidando das pessoas que se declaram e se identificam como mulheres.

Quando falamos em futuro sustentável, falamos de equilíbrio e equidade, e não haverá futuro para uma humanidade inteira se os direitos e a vida das mulheres não forem respeitados.

Qual é o retrato da situação das mulheres na América Latina e Caribe?

Precisamos, empresas e pessoas, com muita seriedade, ler os dados e pesquisas, para saber onde e como agir. Por mais que encarar citações de estudos, relatórios possa parecer um pouco tedioso, não há outro caminho para evoluir em sustentabilidade.

No último levantamento feito em 2017, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) publicou que no Brasil o rendimento das mulheres equivale a cerca de três quartos da renda masculina e na América Latina e Caribe não é diferente, O relatório da Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (CEPAL) indicava que mais de 27% das mulheres não possuíam renda própria, ou seja, cerca de um terço das mulheres do nosso continente depende de outros para subsistência.

Três anos depois desses dados, começou a pandemia e com ela o retrocesso. A CEPAL demonstrou em seu Relatório Especial Covid-19 nº 9 que em 2020 a taxa de desocupação, se comparada à de 2019, chegou a 22,2%, pois foram as mulheres que deixaram seus empregos para se dedicar aos cuidados de crianças e idosos. A sobrecarga, algo que é característico na vida das mulheres, aumentou nesses últimos 2 anos pandêmicos. O mesmo relatório estima que cerca de 118 milhões de mulheres latino-americanas estariam em situação de pobreza, 23 milhões a mais do que em 2019.

Pobreza, desemprego, salários baixos e sobrecarga onde mais de 45% dos lares são liderados por mulheres, no Brasil segundo o Ipea.

Ao selecionar estes dados, que nos oferecem um pequeno recorte da questão, queremos destacar que há um problema que vai da desigualdade salarial, passa pela violência física, mental e emocional e pelos direitos que são desrespeitados ou negados para a grande maioria das meninas e mulheres que vivem na América Latina e Caribe. É importante registrar que tratamos dos números sem interseccionalidade (divisão por classe, raça, sexualidade…), mas para aprofundar a discussão é necessário inserir esse parâmetro.

Além disso, para construir um futuro sustentável precisamos nos perceber como parte do problema. Precisamos fazer mudanças na nossa forma de viver, de trabalhar, de empresariar e votar.

Um presente para o nosso futuro

O dia 8 de março já passou, então prepare-se desde já para que no ano de 2023 você tenha contribuído para o nosso presente e futuro. Afinal, a data é para celebrar o que deve ser uma construção diária.

  • Entenda que a pandemia afetou mais a vida das mulheres. E sempre que uma crise, econômica e humanitária chega as mulheres são as primeiras a perder seus direitos e espaços;
  • Prepare-se para ler as propostas de governo dos presidenciáveis e governadores, a partir de agosto. Entenda se as plataformas de governo retratam um futuro em que as mulheres, meninas e crianças tenham acesso à educação de qualidade, saúde, saúde menstrual, segurança para ir e vir, garantia a segurança física, com leis e políticas que se destinem a eliminar todas as formas de violência contra a mulher;
  • A Educação sexual e reprodutiva precisa de investimento, precisamos buscar conhecimento sobre o assunto e cobrar para que isso seja feito de maneira séria e comprometida;
  • Informe-se como ajudar uma mulher em situação de violência a sua cidade;
  • Invista no empreendedorismo local feminino, incentive comprando, curtindo nas redes sociais e recomendando;
  • Verifique se a empresa que trabalha tem políticas de equidade e diversidade;
  • Conheça o ODS 5, sobre Igualdade de Gênero, e sua importância para a Agenda 2030;
  • Leia mais sobre como se posicionar em ambientes tipicamente masculinos, ou em reuniões de trabalho ou de outras Instituições, onde mulheres são interrompidas, impedidas de ter voz;
  • Observe como funciona a licença maternidade, os fatores de contratação e promoção de mulheres;
  • Ofereça seu posicionamento ao ver uma mulher passando por situação de assédio;

Gostaríamos de ter um caminho mais simples para apresentar aqui, mas quando falamos em equidade de gênero, em um futuro sustentável, vida digna para mulheres e meninas, precisamos como cidadãos investir tempo na leitura e estudo desses temas, na desconstrução das centenas de anos em que os direitos para mulheres foram negligenciados.

O futuro é feminino e depende de todos nós. Podemos escolher: seguir negligenciando ou fazer a mudança. Qual sua escolha?

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