Um futuro cheio de ausências

Estamos paralisados esperando alguém resolver nosso futuro

Leitora ou leitor, você que já acompanhou algum dos nossos textos, saiba que o dessa quinzena talvez não tenha nascido. Escolhemos o tema, colocamos algumas letras no papel, apaga, reescreve e não era isso. Recomeça… esse texto precisa ser curto!

Quando a gente olha em perspectiva para esses últimos meses vem um turbilhão e por muitas vezes nos seguramos para não expor nossa angústia, dor e cansaço no papel. Afinal, se essas autoras são feitas de algo é de um excesso de incômodos e humanidade. Porém, entendemos que o simples replicar dos problemas também não é uma solução e reforça a dificuldade existente em lidar com as demandas presentes para elaborar um horizonte promissor.

Quando falamos em futuro, olhamos para um lugar onde etnias, culturas, crença e diferenças coexistem em um espaço que precisa ser construído hoje. E, hoje, uma mulher é vítima de violência a cada 5 horas no Brasil, 1 registro de morte por feminicídio é feito por aqui, estamos citando apenas o que é registrado, esses números são maiores, certamente.

Agora temos que usar as teorias de futuro rascunhando um amanhã que observa milhões de brasileiros abaixo da linha da pobreza, crimes de racismo diários, um futuro que relata o que o garimpo tem feito com as realidades indígenas e o desmatamento com a gente questão climáticas. Um futuro em que Bruno, Dom, Dorothy, José, Chico, Marcelos e Marias não estarão.

Segundo o relatório da Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros e Intersexuais (ILGA), apresentado em 2021, o Brasil ocupa o primeiro lugar nas Américas em quantidade de homicídios de pessoas LGBTs e é o líder em assassinato de pessoas trans no mundo.

Muitos não estarão nesse futuro. A ideia da coluna para falar sobre amanhãs sustentáveis sempre foi transbordar o conhecimento de pesquisas diárias que acumulamos e trazer para a praça pública o que é discutido em grupos de futurismo e tendências. Mas dessa vez é hora de puxar uma prosa bem realista.

O excesso de notícias pode nos atordoar como foi nas últimas semanas, porém e quem está vivendo as notícias na pele? Nem teve tempo de viver seus lutos.

É tempo de um repensar coletivo! O que cada um de nós faz para combater, aprender e reaprender sobre cada uma dessas situações importa.

O quanto eu posso agir diante desse cenário dentro da minha realidade?

MUITO! Comece reaprendendo sobre seu papel político na sociedade em que atua. Continue traçando caminhos para entender os círculos fora da sua realidade, abra possibilidades de diálogo com quem pensa diferente, apresente opções e perguntas que nos façam ver além. Esteja disposto a renunciar algum privilégio seu para que a diversidade seja prática, ajude um colega novo, proponha um novo olhar da sua equipe de trabalho, fale com seu parceiro ou parceira de vida sobre qual futuro ela/ele sonha e veja o que podem fazer juntos para construir passos. escolhas nas eleições e aprenda a ouvir.

Fale sobre voto consciente e futuro do País que você sonha e depois encontre propostas que façam sentido com o que você quer. Você quer mais empregos para todos? Mas quem são esses todos?

Todos podemos parar e pensar uma atitude para fazer essa engrenagem girar diferente antes aqui para refletir no futuro.

Fato é que levantar bandeiras é muito importante, mas é imprescindível mudar algo no nosso dia a dia para que a gente reduza JUNTOS os números. Não há uma solução única para tudo, há uma solução coletiva e a gente não pode deixar na mão de outros a construção do amanhã que pertence e precisa de todos nós.

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