Eu gosto de política, não gosto de político!

Não é curioso como contratamos pelo voto pessoas das quais não conhecemos muita coisa?

Dentro de um mês, vamos exercer nosso dever e direito como cidadãos de uma democracia e escolher nossos governantes para ocupar por 4 ou 8 anos as cadeiras de: Presidente da República, Senador, Deputado Federal, Deputado Estadual e Governador.

São muitas propostas que temos para analisar, mas precisamos achar espaço para observar aquelas que mencionam a sustentabilidade da vida. Sem dúvida as pautas ambientais e climáticas são fundamentais para nosso tempo e. como já falamos por aqui, em ano eleitoral temos que ficar ainda mais atentos.

O trauma de 2018

A última eleição para Presidente, há 4 anos, deixou um trauma; uma das principais causas foi a polarização que causou danos às relações familiares, amizades e trouxe à tona nosso despreparo social para dialogar sobre o tema.

O segundo turno marcou uma das maiores abstenções da história do nosso país e é importante lembrar que, no campo da política se abster, deixar de exercer seu direito, é deixar que uma maioria escolha por você. Nem sempre, ou quase nunca dá certo! E esse é um dado que precisa ser lido e lido novamente: 31 milhões de brasileiros deixaram de ir votar, 21,30% do eleitorado; somados aos brancos e nulos, 42,1 milhões não escolheram um dos dois candidatos.

Por que precisamos retomar esse assunto? Nossa desilusão clara com o cenário político, nossa descrença (com razão) pode ser resultado da nossa negação da política. Somos seres políticos, atuamos como cidadãos políticos. Precisamos afinar nosso olhar sobre o tema, que é central na vida de todos nós; somos uma sociedade criada para não discutir, não estudar e não ‘gostar’ do tema.

A política é a ‘arte ou ciência de governar’, definição da palavra no dicionário Oxford. Governar é dirigir, liderar, chefiar; discutimos tanto o tema liderança atualmente, lembrando a importância de servir, liderar para todos e deixamos lideranças de uma nação, ou de estados inteiros, liderando para si mesmos – e evitamos falar sobre isso e sobre eles.

Vamos fazer um pequeno exercício: desde quando você vota? Quantas vezes, nesses anos como eleitor, você votou em alguém e pesquisou sobre o currículo dele? De quem você efetivamente leu o plano de governo em que as propostas estão (ou deveriam estar) mais detalhadas?

Os debates e entrevistas são de extrema importância, mas eles são como um palco, como uma entrevista de emprego, onde bem ensaiados candidatos à vaga apresentam um discurso bonito e preparado, recheado com provocações. Não é curioso como ‘contratamos’ pelo voto pessoas das quais desconhecemos o passado, o currículo, as habilidades (as tão faladas soft e hard skills), e as propostas para o novo cargo?

O currículo e as propostas

Quando queremos contratar um novo colaborador ou um parceiro, em geral, pesquisamos o currículo, a trajetória, avaliamos projetos anteriores e a satisfação de quem já trabalhou com os candidatos. Algo nos impede de fazer isso quando se trata da escolha dos nossos governantes, isso também pode ser consequência do nosso desinteresse.

Segundo o cientista político Bruno Cezar Soares, as falhas no sistema político, a corrupção, a falta de representatividade geram o afastamento da população, tanto na escolha quanto para a candidatura. E novamente, o afastamento, a falta de educação política e a descrença fazem com que a gente acredite no superficial, parece que nos livraremos mais rapidamente do problema, para voltar a vê-lo apenas em 4 anos. Ah, como estamos enganados e como tem nos custado caro (financeira, emocional e socialmente) esse afastamento e superficialidade.

Por isso hoje, te convidamos a pesquisar e ler alguns materiais com o plano de governo dos atuais concorrentes aos cargos públicos, e voltando ao tema central desta coluna: olhar para o passado, bagagem de cada candidato, e para o presente, os feitos, entregas e proposta para a sociedade, para saber se teremos um futuro sustentável com a pessoa que vamos contratar pelos próximos 4 anos.

Para te ajudar nesse passo de conhecer nossos políticos fizemos uma curadoria especial de conteúdos:

Meu, seu, nosso voto: espaço de diálogo sobre nossas responsabilidades nestas eleições enquanto seres políticos, plurais e comunicadores. Conheça e leve esse projeto para novos lugares!

Para conhecer as propostas ambientais dos presidenciáveis: leia esse compilado da camara.leg

Como a falta de pautas ambientais e a negligência dos eleitos nos trouxeram até aqui, conheça nossa história ambiental

E ninguém vai falar sobre clima? Parece que não, mas deveriam. Então, entenda por que as questões climáticas são urgentes saiba o que cobrar dos governantes.

O site oficial da Camara dos Deputados oferece a lista de Deputados em exercício, quais projetos apresentaram, pelo que votaram. Você se lembra em quem votou? Se sim, pode buscar por nome; se não lembra pode buscar os ativos pelo seu Estado: acompanhe aqui e saiba quem está concorrendo à reeleição ou a novos cargos. Parece trabalhoso acompanhar e cobrar, mas com salários altos (mais de R$30 mil) você não cobraria quem você/ou o povo contratou? Aproveite a visita ao site e analise
se o passado do seu deputado representa o futuro que você acredita.

Um olhar sobre a política de esquerda em 2022 no Brasil: clique aqui.


Esse é um pequeno acervo de links para te ajudar nesse momento de decisão, é preciso ter consciência de que nosso futuro depende das nossas ações e do resultado dessa escolha coletiva.

Nossa nação, cada um de nós, eu e você, já negligenciamos demais a política e isso nos trouxe para um presente, que já foi futuro, indesejado. É chegada a hora de começar a mudar esse panorama, salve esse texto, encaminhe para os amigos, leia um link por dia e comece. O primeiro passo é urgente!

Sobre o/a autor/a

Compartilhe:

Leia também

Melhor jornal de Curitiba

Assine e apoie

Assinantes recebem nossa newsletter exclusiva

Rolar para cima