Pitangas: segunda colheita do ano

A primeira frutificação de uma pitangueira no terceiro ano após o plantio. Depois disso, se bem cuidada, ela pode dar frutos duas vezes ao ano, nos meses de março a abril, e na época de outubro a janeiro, que é a principal.

A nossa coluna Pitangas volta a ser publicada depois de um intervalo de algumas semanas, tentando imitar, ou se justificar, pelo intervalo da própria natureza. Como usamos esse intervalo para viajar, visitar lugares diferentes e conhecer diversas experiências gastronômicas, temos muitas histórias para contar…

A pitangueira da minha casa: colheita até duas vezes por ano. Foto: Rosa Maria Dalla Costa.

Do ‘melhor sorvete do mundo’ na pequena San Gimignano na Toscana Italiana, às bolachas alemãs, finamente decoradas no interior “profundo” de Santa Catarina. Cultura, tradição e sabores apreciados sob o olhar de Pitangas na entressafra.

Fluss Hauss: as bolachas alemãs da cidade catarinense de São Martinho

A dica foi dada pela prima Isaura: “não muito longe de Florianópolis tem uma fábrica de bolachas maravilhosa!” Curiosa, não via a hora de encontrar visitas dispostas a se aventurar comigo nas estradas catarinenses para descobrir a Fluss Hauss, um centro produtos de bolachas artesanais feitas sob os cuidados da tradição alemã para serem comercializadas em todo o Brasil.

Finalmente encontrei duas parceiras que como eu, amam a estrada, e lá fomos nós. Saímos de Itapema contemplando a paisagem até Florianópolis e seguindo as indicações, entramos pelas estradas secundárias rumo a Caldas Novas da Imperatriz. Paisagens bucólicas, grupos de animais pastando, algumas árvores floridas, curvas e mais curvas.

Fomos adentrando pelo interior desse estado diversificado da região Sul, deixando para trás suas praias de águas verde esmeralda para apreciar suas montanhas, cachoeiras e um riacho que contornava toda a estrada. Mais de duas horas de viagem e nenhuma sinalização com o nome da cidade de São Martinho ou ao menos da tão conhecida Fluss Hauss. Paramos para fotos, que jamais darão conta de registrar tamanha beleza natural, e, seguimos.

Estrada de chão, caminho deserto. Foto: Rosa Maria Dalla Costa.

Quanto mais demorava, quanto mais curvas, subidas e descidas da estrada, maior a ansiedade para conhecer a variedade das tais bolachas tão elogiadas pela prima mais ‘bolacheira’ da família.

Quando o Waze apontava que estávamos a cerca de 30 quilômetros da chegada, começou a estrada de terra e as placas com desenhos de alemães anunciando que, apesar do tempo e da distância, estávamos no caminho certo.

Vale relatar que a estrada, apesar de linda, bucólica e digna de belas fotos, era praticamente deserta, um carro ou outro no caminho. Placas a cada 5 ou 6 quilômetros aguçavam a nossa curiosidade.

De repente, chegamos a Vargem do Cedro, sede da Fluss Haus. Ao contrário da estrada, o local estava movimentado: carros e ônibus nos estacionamentos e calçadas ao redor da loja. “De onde saiu tanta gente?” Filas para entrar, muitos turistas nos jardins tirando fotos dos diferentes tipos de flores, das carpas coloridas que iam de um lado para o outro das águas que permeavam aquelas calçadas que separam o restaurante da loja de bolachas e do pub de cervejas artesanais.

A Fluss Haus: uma pérola no interior profundo de SC. Foto: Rosa Maria Dalla Costa

Naquele lugar distante de tudo e de todos, na nossa visão urbana de ver o mundo, há um grande centro gastronômico que oferece almoço e café coloniais baseados na gastronomia alemã, além de bolachas e chocolates finamente decorados.

A história da Fuss Haus tem como marco o ano de 1996, quando os proprietários, começaram a produzir bolachas decoradas para tentar driblar as dificuldades da lavoura. As receitas foram herdadas da avó paterna e as primeiras bolachas foram assadas num antigo forno à lenha da família e vendidas de porta em porta, transportadas num “fusquinha”. O nome escolhido significa “Casa do Rio”, aquele que contornou toda a estrada do longo caminho que fizemos e que passa entre as áreas da casa.

Atualmente a empresa conta com estrutura de fábrica de bolachas (nas proximidades do final do ano é possível participar das oficinas de pintura das bolachas amanteigadas!!!) e de almoço e café coloniais com mais de 110 variedades de pratos.

Almoço colonial com 110 variedades de pratos. Foto: Rosa Maria Dalla Costa

Apesar de termos ido até lá para o Café Colonial, que começa a ser servido a partir das 15 horas, não resistimos ao aroma e à apresentação do buffet do almoço cujos pratos são inspirados na cozinha alemã. O atendimento é para lá de gentil e alegre. Moças e rapazes vestidos tipicamente nos direcionam para as várias mesas do buffet: a de saladas, a de antepastos, de pratos, de carnes e as de doces e bolachas para lá de maravilhosos.

Acompanham o almoço sucos naturais de abacaxi, maracujá e laranja, café, leite e chás variados. Perdemos a batata gratinada, iguaria servida exclusivamente no café da tarde, o que nos deixou com vontade de voltar um outro dia… apesar das dificuldades do caminho.

Finalmente, depois de provar um pouquinho de tudo, voltamos para os jardins e chegamos à loja das bolachas amanteigadas. Lindas, coloridas, rendadas, de vários formatos e preços. Além delas, pães de mel, chocolates, algumas bolachas especiais sem lactose e sem glúten, algumas temáticas para chás de bebê ou festas de casamento.

Bolachinhas de todo tipo para os fãs. Foto: Rosa Maria Dalla Costa

No Natal, além da oficina na qual o cliente pode pintar suas próprias bolachas, tem a cidade miniatura e várias opções de presentes comestíveis da colônia.

As atrações se multiplicam pelo grande jardim que cerca o local e está sendo ampliado. Um pub oferece opções de cervejas artesanais e petiscos, pontes, barco pirata, cabanas nas árvores, tirolesas e diversas atrações infantis permeadas de flores e trepadeiras bem cuidadas completam o entretenimento local.

Sorte de quem mora na região. Um desafio tentador para quem gosta de desbravar novos caminhos e paisagens, sem pressa.

O almoço colonial em agosto de 2023 custa R$ 89,00 e o Café Colonial, R$ 79,90.

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