Movimento Rosa Branca: Sophie Scholl personifica a força revolucionária da juventude

Oitenta anos atrás, a Gestapo prendia e executava os líderes do movimento Rosa Branca, que enfrentou o nazismo

Frente à criminalização do fato de ser quem se é, na história e na contemporaneidade, a resistência mora nos atos mais cotidianos e ocupa um lugar de extrema importância. Ao revisitar esses períodos, vemos algo em comum: a juventude tomando a frente no combate à intolerância e abrindo precedentes para a transformação da realidade – o tão conhecido “andaram para que pudéssemos correr”.

Foi este o caso dos universitários Hans e Sophie Scholl, Alexander Schmorell, Willi Graf e Christoph Probst – que decidiram usar a educação como arma e caixas de correio como meio para afrontar o nazismo. Foi assim que, em junho de 1942, fundaram o Movimento Rosa Branca (Weisse Rose).

Distribuindo panfletos pelo sul do país, a organização criticava as violências perpetradas contra tantos grupos que integravam a sociedade alemã. No total, foram seis textos elaborados: os quatro primeiros inspirados em trechos bíblicos, criticando a passividade de grande parte da população; e os dois últimos com cunho mais explicitamente políticos, reforçando a necessidade de combate ao fascismo e a projeção de um futuro pós-nazismo. Além disso, faziam pichações que diziam “liberdade” e “abaixo Hitler” pelas cidades em que atuavam.

Rosa Branca e a juventude

Ao analisar as formas que encontraram de expressar sua indignação com a situação do país, percebemos nelas uma representação interessante sobre como a juventude altera o status-quo. As pichações, por exemplo, poderiam ser vistas por muitos como atos de vandalismo. No entanto, é exatamente por meio do impacto e da presença insistente aos espaços que lhes são negados que transformam a realidade. Ainda que outras formas de resistência também tenham sua própria potência, quem foi às florestas e quem vai às ruas são os jovens – e não há como negar o poder revolucionário dessas iniciativas.

Mesmo com tanta vida pela frente, a juventude não parece ter medo de cair lutando pelo que acredita – fato que também observamos na história do Rosa Branca. Enquanto distribuíam seu sexto e último panfleto na Universidade de Munique, Hans, Sophie e Christoph foram flagrados e presos pela Gestapo. Neste dia, completam-se 80 anos de sua condenação e execução. Mais tarde, entre abril e outubro do mesmo ano, os demais membros da Rosa Branca tiveram o mesmo destino.

Ainda que a atuação direta do Rosa Branca tenha sido breve, ela deixou seu legado e fomentou células de resistência mesmo após o seu fim. Seus panfletos continuaram sendo distribuídos por grupos anônimos e, por esse motivo, oito outros universitários foram executados. Aviões britânicos também jogaram seus textos sobre território alemão durante a guerra.

Hoje, a atuação do movimento provavelmente teria acontecido em outra plataforma: além das ruas, as redes sociais também têm sido usadas para expressão e reivindicação pela juventude. Além de criadores que as usam para democratizar pautas sociais com conteúdos educativos, frequentemente vemos nos “trending topics” – os temas mais falados do momento – assuntos relacionados aos Direitos Humanos, à democracia e outros de interesse público. Também têm se popularizado as manifestações online, como os “tuitaços” e abaixo-assinados que, muitas vezes, foram responsáveis por levar a opinião pública às autoridades.

As redes também têm sido um espaço de memória para aqueles que sofreram violações dos Direitos Humanos. Pessoas como George Floyd e Kathlyn Romeo, vítimas de racismo, tiveram suas histórias amplamente contadas pelo mundo por meio da internet, em busca de justiça, conscientização e prevenção.

Apesar dos variados métodos usados ao longo do tempo, a juventude parece ter consistentemente lutado para defender, no fundo, a mesma coisa. Foi o que Hans, que além de opositor político era perseguido por ser homossexual, nos mostrou em suas últimas palavras: “longa vida à liberdade”. Ele e seus colegas, assim como tantos outros na história, ocuparam o cargo de defensores desse conceito, não por acaso, tão representativos da juventude.

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