Quando o cartão vermelho vai muito além dos 90 minutos  

Dos tempos do drible da vaca, há quem hoje se espante com o escândalo das apostas, coisa que, na Itália, tirou Paolo Rossi de campo por 2 anos

E eis que de repente, no que já foi chamado – e respeitado – como o país do futebol, explode o escândalo das apostas, considerado “o fundo do poço do futebol nativo”.  E virou assunto de capa da revista Carta Capital desta semana, com texto, inclusive, de Mino Carta:  

– Histórias da manipulação: neste gramado não faltou uma consistente e longa contribuição nativa, enquanto também a Itália teve seu escândalo das apostas. Antes do Mundial de 1982, Paolo Rossi foi suspenso por 2 anos da prática do futebol pela justiça esportiva italiana.  

E chegamos ao jogo viciado 

Na sequência, a revista, em texto de Maurício Thuswohl, denuncia o “Jogo viciado: mais uma vez, o futebol brasileiro é atingido em cheio por um escândalo de manipulação de resultados. Apostadores se uniram a atletas aliciadores”, afirma o promotor Fernando Cesconetto. E, na página seguinte, ocupada pela foto de um jogador dominando a bola, a legenda também é fulminante: 

– Eduardo Bauermann, zagueiro do Santos, é um dos jogadores que toparam participar do esquema de apostas fraudulentas. 

A máfia não só do apito 

E temos, na página seguinte, a foto de um árbitro e a reprodução de uma capa da revista Placar: A MAFIA DA LOTERIA – em 2005, o árbitro Edilson Pereira de Carvalho foi o pivô da Máfia do Apito. Em 1982, a revista denunciou um esquema a envolver mais de 100 atletas e dirigentes. Não deu em nada. E a revista foi ameaçada de boicote.

O mercadão de apostas 

Ainda da Carta/Capital, voltando ao tempo presente: além de tributar sites de apostas, o governo pretende criar mecanismos para coibir fraudes. E, na página seguinte, Luiz Gonzaga Belluzzo, economista, consultor editorial da Carta/Capital, ex-presidente do Palmeiras, com o título O mercado de apostas, arremata:  

– Não é surpreendente que a paixão futebolística tenha sido apropriada e domesticada por um formidável aparato midiático-mercadológico… 

Na página seguinte, temos Afonsinho, ele mesmo, que, craque também no texto, virou titular no (grande) time da revista. Primeiro jogador de futebol a conquistar o passe livre, foi ídolo do Botafogo nos anos 1960. Médico, isso mesmo, ele usou o esporte para auxiliar no tratamento de pacientes psiquiátricos e, hoje, faz uma cobrança:  

– O escândalo das apostas abre a oportunidade de se procurarem meios de defender o interesse comum de todos: a lisura dentro e fora dos gramados.  

Apito, gritos e o fulminante cartão 

Normalmente, como se sabe, um jogo de futebol dura 90 minutos, mas, dependendo de contratempos em campo e do trio de arbitragem, pode se estender um pouco mais. Uma confusão na Copa do Mundo de 1966 inspirou a criação dos cartões vermelho e amarelo para indicar penalidades. Até então, os árbitros dependiam apenas do apito, de gritos e gestos para indicar faltas ou expulsões. E isso causou tumulto em um jogo das quartas de final entre Argentina e Inglaterra, no estádio de Wembley, em 1966. 

Futebol é uma caixinha de surpresas, como definiu Benjamim Wright  –  e,  hoje, é muito, muito mais.

Sobre o/a autor/a

Compartilhe:

Leia também

Melhor jornal de Curitiba

Assine e apoie

Assinantes recebem nossa newsletter exclusiva

Rolar para cima