Cena que se repete todo dia – e muito mais lamentável com o frio e chuva na capital. O drama dos chamados moradores de rua. Um drama, aliás, duplamente compartilhado pelo pessoal da FAS – Fundação de Ação Social – por conta da Ação de Inverno. E virou algo comum presenciar cenas em que, geralmente sob uma marquise, o socorrido recuse a oferta de ajuda e insista em permanecer deitado sobre farrapos.
Com a previsão da chegada de uma onda de frio intenso, a prefeitura dá início à Ação Inverno – Curitiba que Acolhe. E, para acolher as pessoas em situação de rua que aceitarem atendimento, o município aumentou o número de vagas nos abrigos. Inicialmente, 1.194 vagas disponíveis, 21% a mais que as existentes na rede, mas o número pode aumentar de acordo com a demanda, levando à abertura de unidades emergenciais. A Ação Inverno é realizada todos os anos pela Fundação de Ação Social (FAS).
Há quem, passando a(s) noite(s) na rua, sonhasse (ou ainda sonha) em ter um casebre, construção tosca que serve de abrigo, uma choupana, uma cabana ou uma casa – apartamento? (aí, é claro, já seria um tremendo luxo). Sonho distante, ou impossível: uma casa mesmo pequena, pobre ou em mau estado, ou seja, choça, pardieiro, choupana, tugúrio, cabana. Depende da região do vasto Brasil.
Um desafio mundial
Quantos moradores de rua existem no mundo? Estima-se, ou se estimava até o ano passado, que era nada menos do que 150 milhões de pessoas – ou 2% da população mundial.
Qual o país que tem mais moradores de rua? Em 2017, os Estados Unidos relataram uma população sem-teto de 553.700 – 0,17% da população geral, enquanto havia 6.635 na Dinamarca (0,11%) e 11.000 na Coréia do Sul (0,02%). Outros países mencionaram apenas a taxa de pobreza – a Suíça entre eles.
O outro lado do crescimento
A Região Metropolitana de Curitiba está em constante crescimento. Estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), extraídas do portal InfoCuritiba, do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), mostram que nos últimos 10 anos, entre 2012 e 2021, houve crescimento constante no contingente de pessoas morando tanto na capital paranaense como nos outros 28 municípios que compõem a RMC. A projeção, inclusive, é que até o final da década a população somada das 29 cidades supere a marca de 4 milhões de pessoas.
Cidade cada vez maior
Em 2012, viviam na Grande Curitiba 3.285.851 pessoas. No ano passado, já eram 3.731.769, segundo a estimativa oficial, que aponta um crescimento de 13,57%. Isso significa que a RMC ganhou 445.918 moradores na última década, um crescimento mais acelerado nos municípios que ficam no entorno da capital. Há 10 anos, Curitiba somava 1.776.761 habitantes. Em 2021 já eram 1.963.726, com a cidade tendo acrescentado 186.965 moradores (alta de 10,52%). Nesse período, nos outros 28 municípios da região, o contingente populacional cresceu de 1.509.090 para 1.768.043, variação de +17,16% e um acréscimo de 258.953 moradores.
Agosto, mês do desgosto?
Para este ano, a projeção é que Curitiba alcance a marca de 1.981.895 habitantes, enquanto os municípios do entorno, pela primeira vez na história, devem superar o contingente de 1,8 milhões de moradores (mais precisamente 1.815.681). Isso deve ser confirmado (ou refutado) no segundo semestre, no dia 31 de agosto, quando o IBGE, em atendimento a um dispositivo legal (Lei nº 8443, de 16 de julho de 1992, artigo 102), deve publicar no Diário Oficial da União as estimativas de população para os municípios, com data de referência em 1º de julho de 2022.
PS: quem sobreviver ao frio – e ao bolsonarismo – poderá conferir.