Hiroshima e Nagasaki – mais do que turismo

Por nossas bandas, bater 3 vezes na madeira espanta o azar; em Hiroshima e Nagasaki, você é convidado a dar 3 badaladas num sino em nome da paz

Não bastasse a suposta gripezinha, agora com a variante Ômicron, estamos à beira de uma guerra: o presidente Joe Biden voltou a reforçar que os EUA reagirão de forma dura a uma possível invasão da Rússia à Ucrânia, o que levou o Papa Francisco a pedir esforços de líderes mundiais para garantir a paz no mundo.  

À medida que aumentam as tensões na Ucrânia, países próximos se preparam para um possível fluxo de refugiados que deve surgir em caso de guerra. Nos últimos dias, o governo americano tem afirmado que a Rússia pode invadir o território ucraniano “a qualquer momento”, enquanto os russos negam a intenção de invadir – apesar da crescente concentração militar na fronteira. E o Papa Francisco, forçado cada vez mais a fazer o papel da ONU, pede esforços de líderes mundiais para garantir a paz na Ucrânia. Até porque Biden diz a Putin que responderá “decisivamente” em caso de invasão da Ucrânia.  

Uma viagem incomum  

Em 2008, por conta do centenário da imigração japonesa no Brasil, comemorado no dia 18 de junho, jornalistas foram convidados a visitar o Japão. E um deles, de Curitiba, aceitou o convite. Mas, no consulado, meio que assustou o pessoal: disse que, além de Tóquio, pretendia visitar Hiroshima e Nagasaki. Mesmo causando certo espanto, marcado por breve silêncio, foi atendido – até porque disse estar disposto a arcar com as despesas fora da agenda oficial.  

Passo seguinte, é claro, tratou de memorizar coisas básicas em japonês: obrigado, adeus e, é claro, cerveja:  

ありがと

Arigatō  

さようなら  

Sayōnara  

ビール  

Bīru  

Toneladas de dinamite

– Às 2h27 da madrugada do dia 6 de agosto, o coronel Paul Tibbets aciona os motores da superfortaleza B-29, batizada por ele de Enola Gay, nome de solteira de sua mãe. O alvo era Hiroshima, cidade japonesa de 256 mil habitantes. Às 8h15 de 6 de agosto de 1945, a bomba denominada Little Boy, com 72 quilos de urânio 235, foi lançada sobre a cidade, a mais de 10 mil metros de altura. Demorou 43 segundos até explodir.  

Tudo em um raio de 2 quilômetros foi destruído – explosão equivalente a 13 mil toneladas de TNT (dinamite). Morreram imediatamente 70 mil pessoas. Uma enorme nuvem em forma de cogumelo de poeira cinza, marrom e negra subiu pelo céu. Hiroshima ficou às escuras, o Sol tinha desaparecido, e uma chuva negra radiativa cobria tudo. Até o fim de 1945, outras 60 mil morreriam vítimas das sequelas da explosão nuclear.  

Após três dias de aguardo de um pronunciamento do governo japonês, e sem nenhuma resposta, os americanos estavam prontos para usar a segunda arma atômica, agora de plutônio, mais potente do que a primeira. O alvo: Nagasaki. Eram 11h02 do dia 9 de agosto de 1945. Tudo em uma área de 3 por 5 km foi destruído. Perto de 35 mil pessoas morreram na hora e mais de 100 mil nos anos seguintes, vítimas da radiação.  

Aprendemos a voar como os pássaros e a nadar como os peixes, mas não aprendemos a conviver como irmãos.” 

Martin Luther King.

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