Como se sabe, cerca de 2 milhões de pessoas foram arrancadas de suas terras na África, marcadas a ferro quente, embarcadas em navios, e comercializadas como se fossem produtos no Brasil ao longo de 100 anos. E o escravo que fugisse era marcado com ferro quente, com a letra F no peito ou sobre o ombro, e também poderia ter a orelha cortada. Isso até 1888, quando, no dia 13 de maio, a princesa Isabel assinou a Lei Áurea, decretando a abolição da escravatura. Abolição que, em muitos casos, não saiu do papel.
Uma prática bem antiga
A arte pré-histórica contém vestígios da existência de povos que cobriam o corpo com desenhos. Em muitos casos, foram encontrados desenhos de formas humanas com pinturas em seus corpos, assim como estatuetas com esses mesmos desenhos corporais indicando a possibilidade da existência da tatuagem nesses povos. Existe uma hipótese de que as tatuagens tiveram sua origem com marcas de cicatrizes adquiridas em guerras, lutas corporais e caças. Essas cicatrizes eram motivo de orgulho e reconhecimento ao homem que as possuísse, pois representavam força e vitória.
Tintas vegetais e espinhos
A partir da ideia de que essas marcas eram sinônimo de vitalidade, o homem passou a se marcar voluntariamente e, com o tempo, as cicatrizes sem sentido deram lugar a desenhos com o uso de tintas vegetais e espinhos para introduzi-los na pele.
Já na era Cristã, os primeiros cristãos se reconheciam por uma série de sinais tatuados, dentre eles: cruzes; as letras IHS; o peixe e letras gregas.
IHS é a transcrição do nome abreviado de Jesus em grego: Ιησούς (em maiúsculas, ΙΗΣΟΥΣ). Monograma: sobreposição, agrupamento ou combinação de duas ou mais letras ou outros elementos gráficos para formar um símbolo. E ele é montado, frequentemente, com a combinação das letras iniciais. Ou seja, entrelaçamento gráfico de duas ou mais letras iniciais ou das principais letras de um nome.
O lado oculto das tatuagens
E, sobre tatuagens e suas consequências, chegamos ao mês de maio deste ano, mais precisamente a uma reportagem de Ana Mosquera, na revista ISTOÉ, edição 2779, de 10 de maio. Um texto espetacular.
Título: TATUADOS ARREPENDIDOS. Brasil é o segundo país do mundo em número de buscas para apagar ou corrigir as impressões na pele. Nomes, letras e citações são os mais indesejados. Os arrependidos chegam a 270 mil por ano, atrás apenas dos EUA, que somam quase um milhão.
– Se a pessoa faz uma tatuagem e não gosta isso afeta o psicológico e atrapalha suas atividades.
Juliana Toma, dermatologista.