Curitiba 330 anos – e vale um histórico retorno até 2004 

Na Rua do Aquidaban, hoje Emiliano Perneta, havia bondes e automóveis de praça que passariam a ser chamados de autos de aluguel em 1936

Por que volta a 2004? Foi nesse ano, mais precisamente no mês de março, que circulou a edição especial de Veracidade, publicação que foi parar (e mais que merecidamente) na estante de livros de muita gente. Até hoje. Produzida pela Editora Mantôva Ltda, com sede na Rua Jerônimo Durski, 437, a edição especial, com a tiragem de 10.000 exemplares, era (e continua sendo, acrescento eu) grande até no tamanho: 28 centímetros de largura por 35 de altura. 40 páginas. 

No expediente, nomes que até dispensam apresentação, e não só na capital: – Jornalista responsável – Cid Deren Destefani/Paginação e diagramação – José Djalma de Matos/Revisão de textos/ Carlos Sedoski. Editado pela Editora Mantova – Rua Jerônimo Durski, 437 – Fone/fax: 242-7977 – Curitiba – PR.  

Velhas questões (e problemas) 

E, é claro, temos coisas boas da cidade e (velhos) problemas: no primeiro caso, o símbolo de Curitiba: o prédio central da Universidade do Paraná, desde o projeto original, a construção e as modificações que sofreu. A reportagem sobre o edifício histórico “se faz necessária em face dos acontecimentos em que se pretendiam esquecer/sepultar o valor do mesmo como símbolo de Curitiba, que sempre fora designada: a Capital universitária”.  

A reportagem é ilustrada com várias fotos. Primeiro presidente do Paraná (1853-54), Zacarias de Góes e Vasconcellos mereceu o devido destaque e, uma das fotos, traz a imagem da inauguração do seu busto no dia 19 de dezembro de 1915.  

Dos bondes ao trânsito louco 

E o trânsito na capital, que, décadas depois, seria classificado de trânsito louco, tem (mais uma) belíssima foto: a Praça Zacarias em 1936 – e, ao fundo, a Rua do Aquidaban, atual Emiliano Perneta, com o seguinte texto: 

– Além do movimento dos bondes com destino aos bairros do Batel, Seminário, Água Verde e do Portão, notamos os avanços e paradas de automóveis de praça, como eram chamados os autos de aluguel.  

Em outra foto, de 28 de dezembro de 1977, “temos a solenidade por ocasião do retorno do pedestal do monumento de Zacarias de Góes”.  

Coisas que ficaram para sempre  

Curitibano que é curitibano (ou mesmo quem esteve por aqui de passagem, por um breve tempo) certamente pegou o busão, comeu chineque, pediu um cachorro-quente com duas vinas e recorreu à japona em dias gelados, reclamando: tempinho disgracido… 

Vale destacar, também, algumas gírias bem curitibanas, na terra dos pinheirais

Penal: estojo escolar. 

Apurado: quando alguém está apertado para ir ao banheiro… 

Daí: utilizado para conectar frases. 

Djanho: para demonstrar descontentamento com algo ou alguém. Um piá do djanho, por exemplo, é alguém que incomoda muito quem assim se referia a ele. 

Curitiba é uma palavra de origem Guarani: ku ry ty ba significa “grande quantidade de pinheiros, pinheiral”, na linguagem dos nossos primeiros habitantes. E havia grande quantidade de Araucaria angustifólia, o pinheiro do Paraná. A árvore adulta tem a forma de uma taça. Sua semente é o pinhão, fonte de proteína e alimento de grande consumo, in natura ou como ingrediente da culinária regional paranaense. 

Um vampiro duplamente aplaudido 

Tudo isso sem esquecer, é claro, uma pessoa que ficou famosa pelo que escrevia – não só como advogado, mas como contista: Dalton Jerson Trevisan, ele mesmo, o Vampiro de Curitiba. Dalton nasceu em Curitiba em 1925. Estudou no Colégio Estadual do Paraná e, quando jovem, trabalhou na fábrica de vidros de sua família.  

Formado pela Faculdade de Direito do Paraná (mais tarde Universidade Federal do Paraná), chegou a exercer a advocacia durante 7 anos. Quando estudante de Direito, Trevisan costumava lançar seus contos em modestos folhetos. Liderou um grupo literário que publicou, entre 1946 e 1948, a revista Joaquim. O nome, segundo ele, era “uma homenagem a todos os Joaquins do Brasil”. 

Depois de Morte na Praça (1964) e Cemitério de Elefantes (1964), tivemos O Vampiro de Curitiba (1965). Isolado dos meios intelectuais e utilizando um pseudônimo, Trevisan conquistou o primeiro lugar no 1.º Concurso Nacional de Contos do Estado do Paraná, em 1968.  

E, em 2023, segue o baile.  

– As pessoas felizes lembram o passado com gratidão, alegram-se com o presente e encaram o futuro sem medo. 

Epicuro

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