Responsável pelo projeto higienista que tenta retirar do Centro de Curitiba um programa de atendimento aos mais pobres, o vereador Eder Borges (PP) usou a tribuna da Câmara de Curitiba para dizer que sua ideia tem apoio de “quase mil pessoas”. Com um maço de folhas de papel na mão, ele disse que está apenas “representando a vontade” de comerciantes que estariam incomodados com a drogadição na região da Praça Tiradentes.
A proposta de Borges é tirar das imediações da Tiradentes o Mesa Solidária, programa que serve refeições para pessoas em situação de vulnerabilidade. A alegação é que a distribuição de comida atrai pessoas “ruins” para o Centro – os pobres, o vereador insinua, parecem estar intimamente ligados à criminalidade e ao abuso de drogas ilícitas.
Para acabar com o crime e “salvar o Centro”, Borges propôs o fim da distribuição de alimentos na região, sugerindo que isso aconteça dentro da Vila Torres, por exemplo – para ele, aparentemente, o ideal seria que os pobres do Centro tivessem que se deslocar até uma região distante para poderem comer.
A Câmara aprovou a proposta com 17 votos. Mas o prefeito Rafael Greca (PSD) não tem obrigação de seguir a sugestão dos vereadores e provavelmente manterá a sede do Mesa Solidária, criado por ele, funcionando normalmente.