Vereador compara integrantes do movimento hip hop a criminosos, mas Câmara arquiva caso

Eder Borges teve duas representações por quebra de decoro arquivadas

A Mesa Diretora da Câmara de Curitiba decidiu arquivar duas representações feitas contra o vereador Éder Borges (PP) por desrespeito a dois convidados negros que participaram da Tribuna Livre. Os dois foram à sessão representando a cultura hip hop, numa homenagem aos 50 anos do movimento, iniciado nos Estados Unidos e hoje presente em boa parte do mundo Ocidental.

Samuel Costa, conhecido como MC Samuka, e Luana D’Avila foram ao plenário da Câmara a convite da vereadora Giórgia Prates (PT). Ele é Presidente da Associação dos Rimadores e membro do Conselho Municipal de Política Étnico Racial de Curitiba. Ela é cantora e compositora. Explicaram como o movimento ajuda jovens negros e periféricos a encontrar seus caminhos, a se verem representados e a desenvolver talentos.

No entanto, Éder Borges, ultradireitista, afirmou que o convidado tinha “português precário” que tinha linguagem e comportamento de criminoso e que tinha conduta “de malandro”, entre outras menções preconceituosas. O presidente da sessão, Tito Zeglin, aparentemente não viu motivo para interromper a série de injúrias.

[Edição: originalmente, a matéria informava, seguindo o texto da representação, que o vereador Marcelo Fachinello presidia a sessão, mas ele no momento estava como prefeito interino da cidade.]

Luana D’Avila: caso de injúria na Câmara é arquivado. Foto: Rodrigo Fonseca/CMC

Surgiram duas representações contra Borges por quebra de decoro. Uma do bloco PT-PV, formado por quatro vereadores; e outra da própria Luana D’Avila, a rapper que participou da sessão e indiretamente foi incluída nas injúrias.

No entanto, conforme mostra a ata abaixo, nenhum dos sete vereadores votou pela abertura de um procedimento contra Borges. Maria Letícia (PV), autora de um dos pedidos, se deu por impedida. Quatro vereadores votaram pelo arquivamento imediato. E dois pediram que o caso fosse enviado à Corregedoria. Ninguém sugeriu conselho de ética para o vereador que cometeu as agressões

Não é a primeira vez que a atual legislatura se mostra conivente com o racismo. Basta lembrar o caso de Renato Freitas (PT), ex-vereador que chegou a ser cassado num processo que era evidentemente marcado pela questão racial.

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