O prefeito de Curitiba, Rafael Greca (DEM), quer usar dinheiro dos cofres públicos para pagar dívidas das empresas de ônibus da cidade. A prefeitura enviou um pedido de autorização para a Câmara para fazer o aporte. Segundo o texto anexo ao projeto, as empresas de ônibus que prestam o serviço têm dívidas da ordem de R$ 373 milhões com bancos – o dinheiro teria sido usado para compra de veículos que renovaram a frota.
A proposta enviada aos vereadores afirma que a prefeitura poderia quitar “total ou parcialmente” as dívidas das empresas com instituições com o Banco Volvo e o Banco Mercedes. Segundo a prefeitura, com a pandemia o pagamento das parcelas foi suspenso, mas as empresas precisam retomar a quitação em setembro – e as concessionárias afirmam que devido à queda no número de passageiros não têm como pagar as dívidas por conta própria.
O município diz que o risco é de os ônibus serem apreendidos por falta de pagamento, o que prejudicaria o serviço prestado à população. A proposta foi levada à Câmara na forma de uma emenda ao projeto que prevê a prorrogação do sistema emergencial criado para as concessionárias desde o princípio da pandemia. Para evitar prejuízos às empresas, a gestão de Greca aprovou, sempre em regime de emergência, um sistema de pagamento que beneficia as empresas. A mais recente renovação está em trâmite na Câmara.
As empresas sempre recebem na passagem um valor que é justamente para a “depreciação da frota”. Ou seja, para irem economizando e comprando novos ônibus. As atuais empresas, que são basicamente as mesmas que têm contrato com a prefeitura há décadas, venceram a licitação feita na gestão Beto Richa em 2009. Portanto, receberam o dinheiro para depreciação por dez anos antes da pandemia.
Na semana passada, a oposição tentou barrar o pedido de emergência para aprovação do novo período de sistema de pagamento, mas a bancada de Greca impediu a discussão mais ampla do projeto.