Com proximidade de eleição, escolas viram palco de conflitos e excessos da direita

Saudação nazista
Saudação nazista, funk contra eleitoras de esquerda e vandalismo foram registrados em c olégios do Paraná

À beira de uma eleição, em meio a um cenário em que a extrema-direita acusa o sistema educacional brasileiro de “fabricar esquerdistas”, o noticiário tem sido marcado por histórias de comportamentos bizarros em escolas e universidades. Mas ao contrário do que apregoam os defensores do “Escola sem Partido”, é a direita quem tem se excedido e adotado posturas inaceitáveis em sala de aula.

Em Ponta Grossa, uma professora foi filmada fazendo uma saudação nazista para alunos do Ensino Médio. Também lá, um grupo de estudantes da Universidade Estadual de Ponta Grossa participou de um caso explícito de racismo num grupo de WhatsApp. Num colégio católico tradicional de Curitiba, alunas gravaram um vídeo de funk dizendo que as eleitoras de esquerda são “peludas como cadelas”. Em outro colégio, também confessional, alunos vandalizaram uma bandeira do PT que pertencia a um colega.

O clima de acirramento não é de hoje. Desde o impeachment de Dilma Rousseff (PT) há histórias em Curitiba de coação contra pessoas que demonstram ter alguma proximidade com o petismo – e às vezes nem é preciso isso. como no caso do professor Renato Mocellin que foi ameaçado durante a Lava Jato por dizer que Lula não merecia ser morto.

Nos últimos dias, porém, com, a proximidade da eleição presidencial, a situação se agravou – e as escolas, onde pessoas de diferentes ideologias acabam convivendo, se transformaram em um ponto de conflito. E nem sempre as instituições têm sabido como lidar com as situações.

A situação da professora que fez uma saudação nazista no Colégio Sagrada Família, em Ponta Grossa, é um exemplo. Mesmo com a existência clara de um crime (a apologia ao nazismo é proibida por lei no Brasil), com um vídeo sendo distribuído na Internet e com a pressão social, o colégio relutou em punir a professora. A demissão veio depois de posicionamentos tortos em que a direção, por exemplo, afirmava tentar permanecer neutra politicamente – como se a neutralidade diante do nazismo fosse uma opção.

O caso das alunas que gravaram um funk pró-Bolsonaro no Santa Maria, em Curitiba, também gerou pressão – na letra, as meninas chamavam as mulheres esquerdistas de cadelas. A escola emitiu uma nota afirmando que não incentivava esse tipo de comportamento e que estava cuidando do caso. O posto original das estudantes foi apagado das redes sociais.

Um caso em que a postura foi elogiada ocorreu no Bom Jesus. Um aluno de 16 anos levou uma bandeira do PT para o colégio. A bandeira foi pega por um grupo de estudantes antipetistas que filmaram uma cena de vandalismo no banheiro. Depois de pisar na bandeira, um dos garotos joga o símbolo do PT no mictório e urina em cima. No vídeo, que foi divulgado nas redes, é possível escutar um dos meninos dizendo “Aqui é Bolsonaro”.

A família do garoto que levou a bandeira elogiou a escola por ter confiscado materiais políticos dos dois lados – tanto do filho, quanto de quem estava com propaganda bolsonarista. E achou correto que os vândalos, identificados por vídeo, tenham sido advertidos.

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