Com caso Carli Filho, Justiça dá carta branca para motoristas matarem

O caso Carli Filho é desde sempre um retrato do que somos. Uma sociedade violenta. Uma sociedade de classes. Uma sociedade em que alguns podem tudo e outros pagam com a vida por isso.

Agora, o Tribunal de Justiça do Paraná deu o toque que faltava. Inventou uma condenação que não pune. Que deixa livre e solto o homem que matou duas pessoas.

Tente você matar duas pessoas e veja o que acontece. Carli Filho segue andando por Guarapuava. Segue sua vida. As famílias de suas vítimas nunca mais terão o que perderam. Ele? Tem tudo e não perdeu nada.

O pior é o recado que se passa. O pior é imaginar quantos mais motoristas pensarão que agora podem dirigir a 150 km/h, a 160 km/h, a 190 km/h no meio da cidade.

Se Carli Filho pôde andar a essa velocidade e, mesmo matando, não foi preso – o que mais será preciso?

Se Carli Filho estava bêbado e, dirigindo, tirou duas vidas, e mesmo assim está solto – o que precisaremos para pôr alguém na cadeia?

Se Carli Filho estava com a carteira vencida e, enterrando dois filhos de duas famílias, segue impune (pois a condenação dele é uma impunidade) – quando um desembargador achará que alguém passou do limite?

Vejam bem: o carro de Carli Filho decolou. Ele DECAPITOU uma de suas vítimas. E mesmo assim, depois de levar dez anos – sim, uma década! – para julgar, o Judiciário paranaense achou que a punição dele não deveria incluir um dia de cadeia.

Carli Filho é um homem com um passado triste. Mas pode sempre se tornar melhor. Nossa Justiça tem um passado de trevas – e só vem mostrando, a cada dia, que não pretende melhorar.

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