Não é à toa que é preciso um mês inteiro dedicado à conscientização sobre prevenção do suicídio e, consequentemente, de alerta para todos os transtornos mentais que podem levar a ele.
Que eu saiba, não existe a campanha de conscientização da perna quebrada. Ora, todo mundo sabe que uma perna quebrada dói, precisa de tratamento, repouso e que o dono da perna precisará de algum apoio, especialmente logo após o trauma. Dificilmente alguém quebra a perna deliberadamente. Perna quebrada tem CID. Ou seja, perna quebrada é, definitivamente, uma doença. Mesmo que temporária.
Pois bem, transtorno mental também tem CID (diversos) e tudo que eu descrevi sobre a perna quebrada se encaixa aqui: dói, precisa de tratamento, repouso, apoio e ninguém escolhe ficar doente. Mas há uma diferença importante entre as duas situações: uma fratura pode ser detectada rapidamente, basta um raio X. Já os transtornos mentais podem levar décadas para ser diagnosticados. Quando são!
Então, se você ainda acha que é frescura, fraqueza, falta de uma louça para lavar ou falta de Deus (eu ouvi todas essas “opiniões”), use a metáfora da perna quebrada. Você diria a alguém com a perna quebrada que ele não anda direito pois não tem força de vontade? Sugeriria que a culpa da fratura tivesse ligação com falta de fé? Tenho certeza que não.
Então, por gentileza, pratique a empatia. Na absoluta impossibilidade de ser empático, pratique o silêncio. Esse silêncio – o que substitui um julgamento raso e cruel – pode salvar vidas.
Sobre o/a autor/a
Juliana Wisniewski
Juliana Wisniewski é Publicitária (UP 2004), Especialista em Comunicação Estratégica e Negócios (PUC-PR 2006), em Gestão Estratégica (UFPR 2013) e em Filosofia (Estácio 2018). Ama Labradores, Border collies, é uma cantora frustrada e, por um acaso da vida, tem depressão.