E “ele” virou problema pro mundo todo

Como lembra Francisco Camargo, o Brasil vive também a pandemia de besteiras, absurdos e mau-caratismo

Febeapá – Festival de Besteira que Assola o País -, de Sérgio Porto, o Estanislaw Ponte Preta, publicado em 1966, ganha versão bolsonarista lamentáveis episódios.

Mais uma vez o Brasil virou notícia no mundo. E não foi por conta do futebol ou algo positivo fora dos gramados. E, do nosso fora Bolsonaro, chegamos ao StopBolsonaroMundial, que, no domingo, ganhou as ruas em 70 cidades de 24 países. Itália, Alemanha, República Dominicana, Espanha, Áustria, Inglaterra e Nova Zelândia estão entre os países que entraram na rota dos protestos, enfatizando que Bolsonaro coloca a democracia brasileira em risco e não combate o avanço do coronavírus de forma efetiva. Afinal, segundo ele, tratava-se de uma simples e nada temerária gripezinha.

Reagir é preciso (sempre)

Por conta de outra praga que assola o Brasil, a arrasadora pandemia de besteiras, absurdos e mau-caratismo (privatização até da água), há quem tenha buscado uma boa leitura para recuperar o fôlego: textos do professor Darcy Ribeiro, caprichosamente reunidos em Crônicas Brasileiras. Publicado em 2009 pela editora Desiderata, com organização e apresentação de Eric Nepomuceno, a obra reúne crônicas de Darcy publicadas na Folha de S. Paulo entre 1995 e 1997, ano de sua morte.

Darcy Ribeiro

Sociólogo, antropólogo, educador, escritor e indigenista, defensor da causa indígena e da educação pública de qualidade, ele não deixava por menos:

– Nesta América Latina você só tem duas opções: se resignar, ou se indignar. E eu não vou me resignar nunca.

Ainda de quem, como destacou Eric Nepomuceno, “soube sempre sonhar alto e grande num tempo de pequenos egoísmos”:

– É nossa tradição: em nome do progresso futuro, vendemos o passado, ou o que nos restou dele.

– Gosto muito do Brasil. Muito demais. Sou patriota à moda antiga, verde-amarelo, vibrante. (…) fico danado quando vejo alguém nascido aqui ter descaso pela patrinha.

– O Brasil, último país a acabar com a escravidão tem uma perversidade intrínseca na sua herança, que torna a nossa classe dominante enferma de desigualdade, de descaso.

– Fracassei em tudo o que tentei na vida. Tentei alfabetizar as crianças brasileiras, não consegui. Tentei salvar os índios, não consegui. Tentei fazer uma universidade séria e fracassei. Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei. Mas os fracassos são minhas vitórias. Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu.

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