A situação dos moradores de rua vai ser um dos problemas que o prefeito Rafael Greca (DEM) enfrentará em sua campanha de reeleição. Desde 2016, quando conquistou o atual mandato, o prefeito entrou em guerra declarada contra a população de rua.
Acusado de higienista pelos opositores, não se deixou intimidar. Botou não só a FAS para tirar as pessoas da rua, como também a Guarda Municipal. Fechou abrigo no Centro, acabou com o guarda-volumes da Osório.
Os pretextos foram os mais variados: proteger as outras pessoas de possíveis criminosos disfarçados de moradores de rua foi um dos mais comuns. Dar dignidade a quem mora na rua, levando para abrigos, ainda que isso não fosse a primeira opção da pessoa, também entrou no debate.
Recentemente, o prefeito levou um revés quando a Justiça lhe proibiu de utilizar aquela que talvez seja a sua tática mais radical, de retirar das calçadas e praças os objetos pertencentes aos pobres. O prefeito alegou, entre outras coisas, que isso evitaria uma epidemia de dengue ou coronavírus na cidade.
Nada disso pôs fim à população de rua e às suas agruras. Dados do 156 de janeiro deste ano – mais de três anos depois da posse do atual prefeito, mostram que os curitibanos procuraram a prefeitura 1.771 vezes no mês pedindo atenção para o assunto.
Um terço das solicitações pedia que a prefeitura desse algum cuidado a pessoas que estavam caídas na rua, ou dormindo nas calçadas. Os outros dois terços tratavam de famílias desabrigadas ou sem-teto que precisavam de ajuda.
Isso equivale a 57 solicitações por dia dos cidadãos. Mais de 2,3 pedidos por hora para que a prefeitura tome providências. Isso não só indica que o problema está longe de ser resolvido como mostra que o prefeito falhou em uma de suas principais metas do mandato.