Como dizia o Chacrinha, ele mesmo, “quem não se comunica se trumbica”. Certamente por isso, e muito antes dos adesivos plásticos, da internet e das também chamadas redes antissociais, muitos brasileiros, motoristas profissionais, recorriam com sucesso às (rapidamente famosas) frases de para-choque de caminhão.
José Abelardo Barbosa, o Chacrinha, transformou-se no alter ego mais conhecido do Brasil. Como se sabe, alter ego vem do latim alter (outro) e ego (eu), significando o outro eu.
Da carroça aos caminhões
As frases em para-choques surgiram nos anos 1950 e, segundo pesquisadores, a inspiração veio dos vizinhos argentinos, mais precisamente do filateado, “um tipo de desenho estilizado feito na Argentina no século 19”. Tais pinturas eram usadas para enfeitar carroças. Com o tempo, passou a ser feita em caminhões e outros veículos.
Hoje ficou difícil encontrar algum caminhão com os tais recados, mas muitos deles mereceram o devido registro ao longo dos anos:
– Se casamento fosse bom não precisaria de testemunhas.
– Um falso amigo é um inimigo secreto.
– A velocidade que emociona é a mesma que mata.
– Quem ama a rosa suporta os espinhos.
– Preguiça é o habito de descansar antes de estar cansado.
– Direito tem quem direito anda.
– Para que um olho não invejasse o outro, surgiu o nariz no meio.
– 70 me passar, passe 100 atrapalhar.
– Não sou detetive, mas só ando na pista.
– Cana na fazenda dá pinga; pinga na cidade dá cana.
– Pobre é como cachimbo: só leva fumo.
– Casei-me com Maria, mas viajo com Mercedez.
– Se não fosse o otimista, o pessimista nunca saberia como é infeliz.
– A calunia é como carvão: quando não queima, suja.
– Em casa que mulher manda até o galo canta fino.
– Em poço que tem piranha macaco velho bebe água de canudinho.
– Seja paciente na estrada para não ser paciente no hospital.
– Se a mulher foi feita de uma costela, imagine se fosse feita do filé?!
– Se pinga fosse fortificante o brasileiro seria um gigante.
– Quem inventou o trabalho não tinha o que fazer.
– Pobre só fica de barriga cheia quando morre afogado.
– Sou grande porque respeito os pequenos.
– Bebum e árvore só dão galho.
– O cigarro adverte: o governo é prejudicial à saúde.
– Alegria de poste é estar no mato sem cachorro.
– Rico tem veia poética; pobre tem varizes.
– Dinheiro de pobre parece sabão; quando pega, escorrega da mão.
– Pobre é igual disco de embreagem: quanto mais trabalha, mais liso fica.
– Do Amazonas ao Chuí, só paro para fazer xixi.
– Coceira na mão de pobre é sarna, na mão de rico é dinheiro.
– Costurar é para modista; permaneça na sua faixa.
– Eduque as crianças e não será preciso punir os homens.
– Pobre só come carne quando morde a língua.
– Eu sou U 1000 D.
– Escreveu, não leu? Então é burro.
PS: sugestão para os (cada vez mais) terríveis tempos de hoje:
– Votou no Bozo e fez carreata? Agora buzine todo o dia em sinal de protesto.