O governador Ratinho Jr. (PSD) afirmou nesta segunda-feira que sua cobrança para que o governo concedesse reajuste ao funcionalismo se deveu a uma “ilusão” criada pelos antecessores. Deu a entender que, se soubesse qual era a situação do caixa, não faria isso de novo.
A declaração é dada na mesma semana em que o governo se sentará com os servidores para negociar a data-base deste ano. Em 2018, quando a oponente na eleição, Cida Borghetti (PP), era governadora, Ratinho assinou emenda pedindo um reajuste de 2,76%. Agora, que está no Executivo, diz que dar a reposição da inflação poderia ser “irresponsável”.
O que mudou? “O que mudou é que falaram que havia R$ 4 bilhões em caixa, não existe esse dinheiro”, afirmou o governador. Mesmo fazendo parte do legislativo, e tendo sido secretário de Estado na gestão anterior, Ratinho se mostrou surpreso. “Não falaram para a população que tinha R$ 2 bilhões de precatório, que tinha a folha de janeiro, que era pagamento do décimo terceiro. Sobraram R$ 240 milhões”, justificou.
“Muito difícil ter [o reajuste], porque nós já estamos no limite prudencial”, alegou o governador, antes de dar início a uma série de justificativas, em entrevista coletiva, realizada na tarde dessa segunda-feira (15). O temor da sinalização do Tribunal de Contas do Estado (TCE-PR) vem do risco de perder os convênios estabelecidos com o Governo Federal, e os possíveis empréstimos para futuros investimentos.
“Eu posso até querer fazer uma média com o servidor esse ano, mas não garanto que ano que vem vai ter dinheiro para a folha”, argumentou o governador do Paraná.
Previdência
De acordo com Ratinho, a Reforma da Previdência é outro assunto que impacta na questão, já que sua aprovação – ou não – desenharia cenários distintos mais adiante. A discussão da previdência, segundo ele, também estaria impactando no número de aposentadorias deste ano, que se mostra acima do normal. Enquanto essa situação não se resolve, o governador salienta que o compromisso de seu governo é com o equilíbrio fiscal: “Isso é uma coisa que eu não vou deixar desandar, porque isso desandando, compromete todo o futuro do estado do Paraná”, declarou.
No que depender do governador, os servidores terão que contar com a economia daqui em diante, um sacrifício para que o reajuste possa ser feito sem comprometer as contas do estado. “Esse ano é um ano de todo mundo se ajudar, o estado tem que entrar no eixo”, declarou. O reajuste seria um compromisso a ser construído nos próximos três anos.
Se a negativa da reposição da inflação ainda não foi categórica, o governador não deixou dúvidas quanto às prioridades de contratação do momento, que envolvem a polícia científica, o Instituto Ambiental do Paraná (IAP), e o corpo da Polícia Militar e Civil.