O governo Ratinho Jr. (PSD) começa agora a enfrentar o seu primeiro grande problema. Depois de três meses de relativa paz, sem maiores cobranças, a nova administração terá de prestar contas aos servidores sobre seus salários, que não recebem reajuste pela inflação há três anos.
Na quinta-feira, o secretário de Administração, Reinhold Stephanes (PSD), teve a primeira reunião com o Fórum das Entidades Sindicais, que apresentou as principais reivindicações da categoria. Stephanes manteve a estratégia de apenas ouvir, dizendo que o governo está aberto a negociações. Mas dizer, disse pouco.
A principal pauta dos sindicatos é garantir a atualização dos salários. Desde 2016 os trabalhadores do funcionalismo estadual estão com os vencimentos congelados. Beto Richa (PSDB) desonrou o acordo que chegou a ser transformado em lei e que previa o reajuste de 2017. Em 2018, novo calote, agora já na gestão de Cida Borghetti (Progressistas).
“Estamos há quase três anos nessa situação”, disse a coordenadora do Fórum, Marlei Fernandes em entrevista ao Plural. “Deixamos claro para o secretário que deste maio não pode passar”, afirmou. Os sindicatos até parecem concordar com a hipótese de negociar um parcelamento dos atrasados, mas não abrem mão da reposição imediata dos 4,5% que representam a inflação dos últimos 12 meses.
Herança
Caso fosse quitar tudo de uma vez só, incluindo a “herança” que recebeu de Beto e Cida, Ratinho teria de reajustar os salários em mais de 16%. Na campanha, o discurso era de que ao longo dos quatro anos haveria uma recomposição – e foi de novo o que Stephanes disse na reunião com as categorias.
Nas semanas que passaram, Ratinho andou contando vantagem em discursos e nas redes sociais sobre o bom estado das finanças do Paraná (resultado, em grande medida, do arrocho adotado pelo antecessor, quando ele era secretário). Mas até o momento não houve qualquer indicativo de que o governo pretenda usar essa boa situação para melhorar os salários defasados do funcionalismo – quando se toca nisso, aí o discurso passa a ser o das dificuldades financeiras, da crise etc.
Os sindicatos sabem se mobilizar. Preveem uma mobilização para o 29 de abril, que marca os quatro anos do pacote drástico de Richa – que culminou numa reforma brusca da Previdência e numa repressão brutal, com 213 manifestantes feridos no Centro Cívico.
Quatro dias antes, haverá a segunda reunião de negociação com Stephanes. A impressão dos sindicalistas é de que há espaço para conversa, mas caso não haja novidades é possível que a relação azede logo no início do governo.
https://www.plural.jor.br/ratinho-faz-90-dias-de-governo-voce-se-lembra-de-algum-avanco/