Na próxima quinta-feira, 30 de junho, a partir das 17 horas, acontece no Espaço Cultural BRDE – Palacete dos Leões o lançamento do livro “Um lugar chamado Cocaco – a galeria que abrigou uma geração de modernos” (Insight Editora), do jornalista e professor universitário José Carlos Fernandes. Na ocasião, haverá uma mesa-redonda, com a participação do crítico e pesquisador de arte Fernando Bini, da Universidade Federal do Paraná, e do artista Fernando Velloso. A mesa terá a mediação de Rafaela Tasca, coordenadora do Espaço Cultural BRDE.
Produzido a partir de uma série de entrevistas com a galerista curitibana Eugênia Petriu, dona da galeria Cocaco e cuidadora de uma considerável carga de documentos sobre o espaço, o livro traz ao conhecimento do público aquilo que hoje é parte da história da cidade. A pianista de formação e marchande quase que por acaso lembra com minúcias de detalhes dos vernissages, episódios cotidianos da loja e a rotina que fez da Cocaco uma espécie de berço da arte moderna paranaense.
O começo
A galeria surgiu em 1957, numa pequena sala de 70 metros quadrados, na Rua Ébano Pereira, quase esquina com a Rua Cândido Lopes. Seus criadores, o agrônomo Ênio Marques Ferreira e o aventureiro Manoel Furtado Ferreira, abriram a princípio uma molduraria. Aos poucos, o local se transformou num ponto de encontro para os artistas e simpatizantes, em especial os mais ousados – como Fernando Velloso e Loio Pérsio, que não encontravam espaço no circuito artístico da época para mostrar o que produziam.
Com o tempo, o pequeno espaço que abrigava arte não aceita em locais conservadores ficou tão famoso que era visitado por artistas do Rio de Janeiro e São Paulo, a exemplo de Cacilda Becker, Walmor Chagas e Tônia Carrero.
Percebendo o potencial da galeria/molduraria, o pai de Eugênia comprou o local em 1959, passando a administração para sua filha, Eugênia, totalmente alheia ao ramo. Poderia ter sido um fracasso, mas o inesperado aconteceu: ela logo se tornou parceira dos artistas, promotora de exposições marcantes – a exemplo da primeira individual de Ida Hanemann de Campos – e esteio de nomes como Miguel Bakun, Fernando Calderari e Juarez Machado. Uma das passagens mais marcantes da Cocaco é a última exposição individual do pintor italiano Guido Viaro, em 1971. E a amizade de Eugênia e Poty Lazzarotto é digna das mais belas páginas da literatura.
A lenda Cocaco
Nos anos 1970, a Cocaco deixa de ser uma espécie de espaço único. Outras galerias surgem, os museus mudam suas mentalidades e políticas de aquisição de obras ganham impulso. A galeria de Eugênia passa a se destacar – para além das exposições – na arte educação e na formação de novos artistas. Permanece como espaço nobre até seu encerramento nos anos 1990, quando funcionava num casarão neoclássico da Rua Comendador Araújo. A “lenda” Cocaco, contudo, não desapareceu e permanece sendo contada à nova geração de interessados em arte. Lançamento do livro “Um lugar chamado Cocaco”, de José Carlos Fernandes. Quinta (30), no Espaço Cultural BRDE – Palacete dos Leões (Av. João Gualberto, 570 – Alto da Glória). Mesa redonda às 17h, com entrada gratuita e vagas limitadas. Os ingressos serão distribuídos no local por ordem de chegada 30 minutos antes do início da mesa-redonda. Sessão de autógrafos às 19h.