triplamente filtrado

quando acordei tava escuro lá fora. banho quente pra desamassar a cara. fui pro corre. desci do bonde papo de sete e meia da manhã e um poeta na rua xv me viu lendo. perguntou se eu não botava um café da manhã pra ele. respondi que era poeta também. fiquei nas escadaria da biblioteca pública até que as mana do trampo chegaram. o lançamento começava nove e meia. fizemo café pra quem colou no lançamento de um livro. tinha croissant liberado. tinha jazz no piano. o autor veio trocar ideia antes do fotógrafo chegar. era um livro de arquitetura. pescoceei as figura que a galera folheava na fila de autógrafo. só projeto top. só mansão moderna. só mais um minutinho a gente serve os cafés pra vocês tá bem? passamo papo de vinte litro de chemex. chemex é um método de café filtrado senhora. esse grão em específico foi plantado no sul do espírito santo e torrado ali na augusto stellfeld. sabe aquele bar ucraniano? não? como que eu vou te explicar… sabe aquele restaurante do lênin palhano? então. fica bem perto. um mano meu que já trampou lá disse que pra sentar comer ir embora é papo de quinhentão. fui vizinho desse restaurante uns seis meses. um dia o lênin palhano foi lá no pico onde eu trampava. fiquei pensando se alguém da família dele curtia a união soviética. pediu dois lattes pra viagem. perguntei se ele adoçava. depois perguntei se sem querer tomar muito o tempo dele a gente podia trocar uma ideia. ele parecia com pressa. no pico onde eu trampava antes do museu a maioria parecia com pressa. não sei se a maioria. uma parte pelo menos. no museu todo mundo parece com fome. geral chega lançando pedrada. a gente domina e sai jogando. enfim. perguntei pro lênin se não rolava virar a chaminé do restaurante dele pro outro lado. que a comida podia ser boa mas o que saía pela chaminé era embaçado. era minha baia inteira. era o cheiro das nossas roupa. na mesma semana ele virou. pagou pra dois caras virarem na real. isso tem tempo. sábado agora deu uma da tarde agradeci as mana vazei da biblioteca. parti lá pro museu. tinha o segundo tempo ainda. a outra metade do primeiro tempo na real. o segundo tempo foi no domingo. me preparo pros fim de semana como se fosse correr uma meia maratona. não como feijão na véspera. durmo cedo. tomo água. que bosta cigarro fazer tão mal. que bosta quando amizade esfria. que bosta eu achar que preciso tanto daqueles três minutinho em que corro de trás do balcão do avental da máquina de espresso e tiro o isqueiro do bolso. risco. puxo. solto. fumei dois durante o trampo na biblioteca. um na frente quando saí esperar o motora da van. outro nos fundos quando saí pensando como é que se lança um livro ali dentro. se vai ser diferente do sonho de às vezes que é tipo eu no lançamento do meu livro mas outra pessoa tá no meu lugar. quais são nossos lugares? por qual elevador rola subir e descarregar?

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