Vereadores querem anular pelo menos 4 mil multas de trânsito em Curitiba

Recomendação é que multas em vias com novo limite de 50 km/h sejam canceladas até adaptação de motoristas

Em votação simbólica, vereadores de Curitiba aprovaram sugestão de ato administrativo que recomenda o cancelamento de multas aplicadas em vias nas quais o limite máximo de velocidade foi reduzido e padronizado em 50 km/h. Se acatada pelo Executivo, a medida invalidará ao menos 4,2 mil infrações aplicadas desde a última semana de janeiro.

O número é parcial e considera apenas dados das quatro semanas posteriores à implementação do novo limite de velocidade – recorte de relatório feito pela prefeitura a pedido da Câmara Municipal. O balanço leva em conta trechos com radar onde a mudança já estava valendo até fim de abril: dois na rua Desembargador Westphalen, entre o Centro e o Parolin; outros dois na Avenida Presidente Kennedy, nas esquinas com as ruas Rio de Janeiro (Rebouças) e Santa Catarina (Portão); e nas caneletas de ambos os sentidos no cruzamento entre as avenidas Silva Jardim e Marechal Floriano.

Neste conjunto, o total de multas aplicadas por velocidade acima do permitido aumentou quase 14 vezes. O levantamento mostra 308 infrações emitidas nas quatro semanas anteriores às datas de alteração, quando todas as vias tinham velocidade máxima de 60 km/h. Nas quatro semanas posteriores à validação do novo limite, a quantidade de infrações, somadas, chegou a 4.276.

A disparada mais evidente foi na rua Desembargador Westphalen. Nos dois pontos da via monitorados, a média de infrações por semana passou, respectivamente, de 30 para 314 e 17 para 522. Na esquina da Avenida Presidente Kennedy com a Rio de Janeiro, a média subiu de 17 para 142; e com a Santa Catarina, de 7 para 49. Nos trechos da Avenida Silva Jardim, foi de 4 para 20 em um lado, e no oposto, 3 para 24.

O autor da sugestão, o vereador professor Euler (PSD), sugeriu o cancelamento das multas por considerar que não houve tempo suficiente para adaptação dos motoristas à nova dinâmica de trânsito. Segundo ele, a implementação do novo modelo ocorreu sem publicidade massiva e, por isso, “inadequadamente”.

“Você, de um dia para o outro, altera o limite de velocidade e espera que uma pessoa que passa há dez ou quinze anos naquele trajeto se atente para isso e passe a respeitar o novo limite? É esperar demais”, questionou o parlamentar durante sessão virtual desta terça-feira (15).

A Superintendência de Trânsito (Setran) não respondeu se já recebeu a sugestão e se estuda a possibilidade de voltar atrás nas multas já aplicadas. E apesar de defender que a redução da velocidade é um mecanismo adotado para reduzir a gravidade dos acidentes de trânsito, a pasta disse não ter dados sobre acidentes nas vias onde determinou o limite máximo de 50 km/h. Segundo a Setran, o monitoramento é de responsabilidade do Batalhão da Polícia de Trânsito da Polícia Militar (BPTran). No documento encaminhado aos vereadores, o Executivo garante ter fixado sinalização adequada em todas as vias, bem como divulgado informes “massivamente em suas redes sociais” para evitar que desatenção por parte dos motoristas.

Da primeira semana de janeiro até agora, 25 ruas e avenidas de Curitiba passaram a ter o novo padrão de velocidade. A primeira a sofrer a mudança foi a Avenida Visconde de Guarapuava. Segundo a prefeitura, o novo limite segue uma tendência mundial de reduzir a velocidade em áreas urbanas para diminuir o risco de acidentes, indo de encontro aos objetivos e metas do Programa Vida no Trânsito (PVT), da Organização das Nações Unidas (ONU).

Sobre o/a autor/a

1 comentário em “Vereadores querem anular pelo menos 4 mil multas de trânsito em Curitiba”

  1. A função dos órgãos que fiscalizam o trânsito seria de advertir antes, não já multar. Caso primeira ocorrência no trecho com radar, ao motorista deveria ser enviado primeiramente uma notificação/advertência. Caso reincida, daí sim aplicar a multa. Essa seria a ação mais justa. MAS DAÍ AS “INDÚSTRIAS DE MULTAS” IRIAM A FALÊNCIA. Não é, Detran e outras mais?

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O Plural se reserva o direito de não publicar comentários de baixo calão, que agridam a honra das pessoas ou que não respeitem níveis mínimos de civilidade. Os comentários são moderados por pessoas e não são publicados imediatamente.

Rolar para cima