“Existe uma chance imensa de que não tenhamos condições de ter atividades presenciais até o final deste ano ou, quem sabe, até depois. A universidade tem que estar preparada e tem que responder a isso, não pode parar”, diz o reitor da UFPR, Ricardo Marcelo Fonseca.
Como forma de dar continuidade ao currículo durante a suspensão do calendário regular, a UFPR aprovou atividades remotas para os cursos de graduação. O chamado Período Especial foi adaptado. Ele começa no dia 13 de julho e se estende até 7 de novembro. Os prazos ainda podem ser prorrogados, mas as disciplinas à distância são uma opção para professores e alunos, que poderão manter as matrículas no primeiro semestre.
A substituição das disciplinas presenciais pelas digitais na Educação Superior foi autorizada pelo Ministério da Educação (MEC) no dia 16 de junho e pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) da universidade na última sexta-feira (19).
“Existe uma flexibilidade imensa nesta proposta, tanto da iniciativa dos professores e da aceitação dos alunos, quanto das estratégias digitais que serão usadas. Propõem os docentes que quiserem, aceitam os estudantes que quiserem. Os que acharem, por qualquer razão, que não devem aderir, a matrícula do primeiro semestre continua vigente, pois o calendário acadêmico continua suspenso”, explica o reitor.
Ele lembra que o processo de treinamento dos professores para as estratégias digitais já acontece há meses, e que a grande maioria deve aderir. “Existem muitos desafios, especialmente para as disciplinas práticas, mas acredito que a universidade vai continuar em ação no que diz respeito às atividades de formação de graduação; pois na pós-graduação e no combate à covid, na pesquisa e extensão, continuamos a todo vapor. E continuaremos a manter nossa função social.”
Após realizar um levantamento sobre a carência socioeconômica e a falta de inclusão digital dos estudantes, a UFPR fará, agora, aquisição de equipamentos – com campanha pública para doações – e a oferta de aparatos de apoio psicológico.
“Temos uma função de inclusão também quando formamos pessoas, quando as colocamos no mercado e temos uma grande responsabilidade com os que ainda estão pra entrar, é uma nova responsabilidade de apontar soluções”, avalia Ricardo Fonseca.
Período Especial
O período especial será realizado entre os dias 29 de junho e 26 de setembro de 2020, para os cursos semestrais; e entre 29 de junho e 07 de novembro, para os cursos anuais.
Estes prazos poderão ser prorrogados por causa da pandemia. O início das disciplinas será em 13 de julho. Aquelas de estágio obrigatório e de trabalho de conclusão de curso poderão ser concluídas após o período especial, de acordo com a necessidade dos estudantes. Haverá três ciclos de oferta de disciplinas.
Não recomendado
A Associação dos Professores da UFPR (APUFPR) não recomenda a adoção do ensino remoto, mas também não proíbe. “Não tomamos posição radical nem negamos completamente esta experiência, mas julgamos muito difícil avaliar o aluno e manter qualidade de ensino neste modelo”, destaca o presidente da entidade, Paulo Vieira. “Vamos analisar quantos aceitam e isso vai nos ensinar o que fazer no segundo semestre.”
A APUFPR diz ter uma preocupação especial com os alunos que estão se formando em 2020 e podem ter maior prejuízo pessoal e econômico neste período final. “Como vamos fechar este semestre é o que estamos avaliando. Há um grupo de trabalho exclusivo para discutir isso.”
O docente destaca que o ensino à distância “não é uma solução óbvia e tranquila porque é importantíssimo que as universidades públicas garantam a qualidade do ensino e não estamos convencidos que a EAD possa garantir isso.”