Termômetros sem pilha, escolas desistindo e demissão: a noite fatídica do concurso da Polícia Civil do Paraná

Pequenos erros se somaram para cancelar concurso e colocar vestibular em xeque

A noite do sábado começou movimentada para toda a organização do concurso da Polícia Civil do Paraná. Eram 106 mil candidatos e, para atender todo mundo, uma das tarefas seria levar o material para todos esses pontos. Acompanhados da Polícia Federal, funcionários se deslocavam por Curitiba e região metropolitana carregados de caixas. Até então, ninguém tinha a menor noção de que o concurso podia não acontecer – pelo menos não entre as pessoas da linha de frente.

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Para quem estava cuidando da burocracia, os primeiros problemas já vinham aparecendo havia algum tempo. Um deles foram os termômetros, necessários para aferir a temperatura de cada candidato, em função da pandemia. A primeira empresa contratada para fazer a entrega falhou. Sem redundância (prática incomum em concursos desse tipo), o Núcleo de Concursos da Universidade Federal do Paraná, responsável pela realização do processo, fez um contrato emergencial.

Os termômetros chegaram no sábado, em cima da hora. Mas, acredite: vieram sem as pilhas. Enquanto centenas de pessoas corriam para fazer os ajustes típicos da aplicação das provas, outros funcionários saíram desesperados em busca das pilhas. E depois seria preciso tentar entregar os termômetros completos para as pessoas que já tinham saído com as caixas.

Também no sábado começou a haver uma avalanche de desistências. Por um lado, de pessoas físicas: gente que havia se inscrito para aplicar as provas do concurso para a Polícia Civil do Paraná mas, na última hora, em função do coronavírus, resolveu que o risco era grande demais. Por outro, de escolas que tinham se oferecido para abrigar o concurso e depois viram que não tinham como fazer isso.

“No meio da noite teve caso de gente chegando a um colégio indicado pelo governo e descobrindo que a escola estava em obras, nem banheiro funcionando tinha”, disse uma fonte ouvida pelo Plural. “Não tinha como fazer a prova lá, e como mudar aquelas pessoas de lugar.”

Durante a noite e o começo da madrugada, a organização foi correndo atrás de soluções para casos pontuais, na tentativa de salvar o concurso. Afinal, eram milhares de pessoas e havia um contrato a ser cumprido. No entanto, em algum momento da noite o telefone tocou na casa do reitor Ricardo Marcelo Fonseca.

Até ali, Ricardo Marcelo vinha ouvindo em todas as reuniões com os responsáveis que a situação estava em ordem. Não era o caso. Depois de muita conversa chegou-se à conclusão de que era impossível manter o concurso daquele jeito. Às 5h42 uma nota foi divulgada informando isso.

A primeira baixa causada pelo processo foi a demissão do diretor do Núcleo de Concursos, Altair Pivovar. Demitido sumariamente, ele foi substituído de início por assessores de confiança da reitoria, que passaram a cuidar da crise à distância.

Ainda no domingo, a UFPR teria que lidar com uma enxurrada de problemas. O governador Ratinho Jr. (PSD) foi às redes sociais rosnando contra a universidade. A Polícia Civil falou em quebra de contrato. Concurseiros que vieram de todos os estados da federação ameaçaram um processo pedindo ressarcimento por passagens e hospedagem.

No meio disso tudo, surgiu ainda um problema maior: o novo indicado para o Núcleo de Concursos, Alexandre Trovon, diretor do Setor de Ciências Exatas, teria uma semana para garantir a realização da primeira fase das provas do vestibular da UFPR. Ninguém sabe ainda dizer se isso é possível: a universidade deve decidir sobre isso nesta segunda (22).

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63 comentários em “Termômetros sem pilha, escolas desistindo e demissão: a noite fatídica do concurso da Polícia Civil do Paraná”

  1. Aplicadores desistiram?
    Em qual dia e momento havia aplicadores suficientes?!
    Chamaram tudo nas últimas horas… Pandemia já está aí há um ano, não queiram justificar o injustificável.
    Simplesmente incompetência.

  2. Pequenos erros? Como tiveram coragem de escrever isso? Não foram pequenos erros, foi falta de organização, transparência e sobretudo uma postura arrogante de bater no peito e dizer pra todos que estavam sim preparados quando isso não era uma verdade. É o típico caso do indivíduo que sai atrasado de casa e põe a culpa do atraso no trânsito.

  3. Tem que processar mesmo, e incluir todas as partes, todos os envolvidos. Universidade, prefeito, polícia civil, secretaria de saúde, governador, o próprio judiciário que fez vista grossa. TODOS fizeram vista grossa. Levando adiante um evento que já demonstrava claramente ser inviável de ocorrer. Incompetência, desorganização, falta de respeito de todos que citei para com os candidatos. Eles estão procurando alguém pra segurar a pika, mas foi um descaso total que contou com a convivência e participação de todos eles. Incompetentes e irresponsáveis. Essas instituições serão sempre lembradas por essa lambança, e lá nos históricos estarão os nomes do reitor, prefeito, governador, presidente do núcleo de seleção, secretário de saúde, diretor da PC e os juízes e desembargadores participantes dessa novela vergonhosa.

  4. Lamentável! Minha filha viajou a Curitiba acreditando que data, dia e hora do citado concurso estariam consolidados para sua realização. Que vergonha. O Governo do Paraná mostrou ao Brasil o descaso como trata aqueles que deixaram seus lares acreditando participar de um honroso e organizado concurso público estadual.

  5. Parabéns aí jornal, todos os outros jornais grandes meios de comunicação não chegaram perto de saber ou divulgar o problema, não conhecia seu jornal mas quero me aprofundar informaçao assim vale ouro. Parabéns jornal plural parabéns jornalista.

  6. Mais um exemplo da eficiência das nossas Universidades Públicas, tiveram meses para organizar o certame, mas não conseguiram e o prejuízo quem paga, como sempre, é a cidadania.

  7. Antônio Barbosa da Silva

    Isso é uma pouca vergonha e desrespeito com o pessoal essa universidade tem que ressarcir os prejudicados vamos ver se a justiça funciona.

  8. UFPR , promoveu aglomeração, colocou seus candidatos todos em risco, pois, criou um caos na rodoviária de Curitiba.
    Eu que tento o máximo seguir as normas de isolamento , tive que enfrentar rodoviária lotada em SP, ônibus da cometa entupido ida e volta pois todos lugares ocupados e alguns com 2 crianças, rodoviária lotada em Curitiba, pois, é minúscula e distanciamento zero… tudo num espaço de 14hs, pois ao chegar e ver o o site da UFPR o cancelamento, fui direto ao guichê pra trocar a passagem e por sorte peguei o último banco no bus das 7hs.
    Não existe distanciamento em ônibus nem avião… hipocrisia pura toda essa papagaiada. Dinheiro de volta já.

  9. Um absurdo. Desde o começo da data da realização da prova já não estava dando pra confiar. Não e só o lado financeiro mas o desgaste emocional.

  10. Parei um minuto pra ler essa noticia. Percebi logo um tom diferente no autor ,nas frases, uma mistura de jargões de sindicatos pelegos com lacracoes próprias de militantes. Já acendeu um sinal vermelho para comunista,quando vi a foto do elemento e os comentários de quem o já conhecia, vi que meu faro para detectar esquerdistas continua infalível.

  11. Uma vergonha , meu filho se deslocou de Brasilia , gastou com passagens aéreas, alimentação e hospedagem, pra no dia da prova cancelarem o certame.
    Até entendo q com todos esses problemas e a pandemia esse evento poderia não acontecer, agora no dia do evento , porque não avisaram uma semana antes, é uma falta de respeito com os candidatos.
    Ações Neles

  12. Vergonha esse é o sentimento, por tamanha irresponsabilidade, dos responsáveis da gestão da UFPR, e membros da cúpula da banca organizadora do concurso , lastimável.sem mas comentários.

  13. Jose Aluísio Bezerra arujo

    Foi uma lesão ao cidadão, tem q afastar o Reitor e toda a equipe.
    O minímo q a Universodade pode fazer é se antecipar e idenizar a todos.
    Foi uma grande iresponsabilidade, foi um concursso planejado a mais de um ano, de última hora foi q observaram o mapa de risco,
    Porquê 30 dias antes, nao se anteciparam para terem evitado essa convulsão social.
    Quem vao bancar os pejuizos financeoros, e o psicológico como fica.

  14. O que falta nos brasileiros sobra nos políticos, estratégia, explico.
    O cancelamento do concurso da PC PR não passa de mais uma manobra política para enganar os inscritos e a população.
    Escolas onde seriam realizadas provas fechadas, é sabotagem.
    Abre os olhos Brasil.
    Já surge um mitinho com a “solução”, anota ai.
    PC Lopes ⏰

  15. DOUGLAS SILVA BARBOSA

    Engraçado que, nas eleições todo mundo votou sem medir a temperatura, e agora estão exigindo essa besteira para adentrar em estabelecimentos comerciais e provas de concurso. É exageradamente grotesco a forma como os líderes desse país (algum deles) tratam seus contribuintes. Lamentável.

  16. Alguns motivos resumem esse desastre: teimosia ao manter a data da prova em cenário de anormalidade nacional, falta de planejamento eficaz nas contratações, de vistorias nos locais de prova. Não podemos atribuir essa desorganização como um imprevisto. O mínimo que devem fazer a título de ressarcimento material é garantir o deslocamento e hospedagem das pessoas lesadas nos mesmos hotéis por onde passaram e nas mesmas condições de viagem, como condição para realização da prova suspensa.

  17. Absurdo com B maior de burrice.
    Teve alunos que vieram de longe e dormiram nas praças..
    Vieram so com o dinheiro da passagem.!!!!
    Diárias de hotel saltou de 150 para 7 mil …a b s u r d o !!!
    Alguem vai ter que pagar a conta e não serão os concurseiros.

  18. O governo Ratinho Jr errou, nao ofereceu as condicoes minimas para a realizacao das provas, escolas comunicadas em cima da hora e sem condicoes de receber as pessoas que vieram de diversas partes do Brasil. Tambem concordo, com o concelamento, estamos numa pandemia e o governo parece banalizar.

  19. Isso realmente pode acontecer, agora o Núcleo ajeita tudo e marca uma nova data, talvez Deus tenha permitido isso para livrar as pessoas de uma coisa pior.

  20. Minha esposa ia fazer o concurso do ISS de Aracaju e o mesmo fora cancelado um dia antes. Pra esse do Paraná, ela havia comprado passagem pra Joinville pra poder ir pra Curitiba e eu sugeri que não fosse porque os problemas apareceriam.
    Agora ela fará da PRF e PF aqui em Brasília.
    Veremos o que se sucederá.
    Como dito na matéria, é complicado se planejar em meio à pandemia.
    Em muitos aspectos estamos à deriva e à mercê das circunstâncias. Eu que sempre fui o primeiro cara a ser otimista em tudo estou revendo minhas posições. O que mais é possível?

  21. Diante do absurdo cenário que vivemos no Brasil, ver algo tão desrespeitoso acontecer com essas pessoas, que se deslocaram para fazer esse concurso nem me surpreende. Estamos nas mãos de milicianos que só pensam em encobrir seus crimes, governar que é bom nada. Uma pena tanto descaso. Desgoverno lixo!

    1. Ações indenizatórias devem sim ser impetradas , mas que afinal acaba pagando é o contribuinte pagador de impostos , pois é uma instituição do estado.
      Quando o gestor responsável pelo setor passar a ser responsabilizado civilmente e obrigado a pagar as indenizações muita coisa muda.

  22. Estamos falando de irresponsabilidade. Agora é fácil pedir desculpas, lamentar e outras palavras que ” simplesmente são palavras”. Analise caso a caso e verás: as adversidades, investimentos e os reais lamentos das verdadeiras vítimas. Sim! Somos vítimas do descaso, da desorganização e outros adjetivos para classificados.

  23. Nos que somos de fora, podemos sim voltar, desde que garantam a nossa passagem e hospedagem de hotel, assim seria o mínimo que poderiam fazer, mas como isso não vai acontecer, dane -se quem nao tiver grana pra voltar.

  24. O erro foi manter o calendário do concurso no momento mais crítico da pandemia e não antecipar a comunicação. Por outro, foi uma decisão sábia, tendo em vista a ausência de condições, inviabilizadas por terceiros e pela própria pandemia.

  25. Tudo feito para se resolver em cima da hora. Agora vem as acoes judiciais indenizatorias que a UFPR tera que pagar por deixar tudo pra depois. Contratar empresas pra arrumar o material na ultima hora, sera metecido aer processada

  26. Como tudo no Brasil será mais um caso que cairá no esquecimento, terminará em pizza. Que todos intentem ações indenizatorias por dano material e moral contra a UFPR . Devem aprender a respeitar o ser humano . Não deixem de lado, incomodem , procurem a justiça, que tenho certeza de que julgará procedente qualquer ação do tipo do presente caso .

    1. O que dizer de uma universidade que tem um curso de administração e um de Engenharia de produção e coloca como responsável no NC uma dessa da educação. Problemas logísticos se resolvem com quem entende de logística.

    1. Todas as pessoas devem ser ressarcidas pelos prejuízos causados pela irresponsabilidade dos desorganizadores e por esse evento criminoso a todos os participantes que se deslocam de suas cidades com um custo absurdo a começar pela inscrição.
      Não existe desculpas.
      Atitudes recorrentes nos concursos brasileiro.

    2. Jose Adriano leite mergulhao

      Não encontro palavras para o ato praticado pela banca, porém trago uma forma de remédio para tanto: que a prova seja remarcada para uma data depois do mês de junho e que seja em todas às capitais. Sem querer ser dono da verdade acho que desta forma a Organizadora mostra o mínimo de respeito com quem se deslocou para o Paraná e hover o que todos sabemos.

    3. Problema não está no Sábado e nas desistências…
      E sim na marcação da prova em plena pandemia e aumento de casos…

      Mais de 100 mil pessoas saindo de suas casas para fazer o concurso…

      Justiça manteve o concurso, após inúmeras ações por entender ser de interesse público…

      Cancelar no domingo não existe tamanha irresponsabilidade!!!

      Agora é indenizar as pessoas….

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