Reservatórios da Grande Curitiba chegam a menor índice histórico

Capacidade está em 26% e chuva dos próximos dias não será suficiente; rodízio pode cortar abastecimento por 48h

O nível dos reservatórios que fornecem água para Curitiba e Região Metropolitana (RMC) nunca estiveram com níveis tão baixos, mas nesta segunda-feira (9) o registro bateu o recorde histórico: 26,92%. O número, o menor desde 2009, eleva a preocupação com a situação de emergência hídrica no Paraná, decretada em 7 de maio e prorrogada pelo governo estadual, pelo menos, até maio de 2021.

O nível de 26,92% (26,94% nesta terça-feira) é a soma da água disponível na barragem do Iraí, do Piraquara I, do reservatório Piraquara II e do Passaúna. Se ele chegar a 25%, o plano de enfrentamento à crise hídrica estabelece que a população ficará até 48 horas sem água, num rodízio mais severo do que o atual – que corta o abastecimento por 36 horas.

Segundo dados da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), esse é o nível mais baixos dos reservatórios em toda a história da empresa. Desde maio o Estado está em situação de emergência hídrica. Devido ao baixo nível dos reservatórios, em 29 de outubro o rodízio foi prorrogado por mais seis meses

A situação é ainda mais preocupante em Curitiba e nas cidades ao redor da Capital porque, segundo o Governo do Estado, entre agosto e outubro, a média de chuvas ficou entre 50% e 70% abaixo da média. Assim, os mananciais não tiveram chance de se recuperar e os reservatórios continuam em estado de emergência, o que pode levar a 48 horas sem água nas torneiras.

Temporais de novembro

Mesmo com a previsão de pancadas de chuva diárias para esta e a próxima semana, não será suficiente: a crise hídrica no Paraná continua sem prazo para acabar. Segundo a Sanepar, a região está mais próximo de apertar o rodízio de água do que ver melhora na situação.

As chuvas dos últimos dias não foram suficiente para repor o nível dos reservatórios. Seria necessário níveis acima da média por aproximadamente quatro meses seguidos para retomar a um bom abastecimento de água em Curitiba e Região Metropolitana.

Uma chuva forte por um ou dois dias não resolverá o problema do Estado; nem as chuvas de granizo, como a da última semana. Elas não ajudam a situação dos reservatórios.

Chuva de granizo não foi suficiente para amenizar a falta de água. Foto: Plural.jor

Marco Jusevicius, meteorologista do Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar), concorda com esse diagnóstico. “Os temporais ocorrem em locais não estratégicos para os mananciais, além de serem isolados. No dia 29, o que aconteceu foi mais granizo do que água, que é o que precisamos.”

O especialista prevê que nos próximos dias deve chover 38 milímetros em Curitiba, o que é considerado normal para a época. Assim, o clima deve ficar instável, mas não o suficiente para ter um impacto significativo nos reservatórios que abastecem região.

Crise sem previsões de melhora

Com a aproximação da capacidade para o mínimo crítico estipulado pelo governo e sem a ajuda de chuvas, tanto o Sanepar como o Simepar não veem expectativa de melhora a médio prazo para a crise hídrica no Paraná.

“As chuvas não acontecem com o volume ideal desde antes de novembro do ano passado. Por isso que o impacto para os reservatórios é muito pequeno, não conseguimos fazer com o que o nível realmente se eleve”, afirma a Sanepar.

“Em agosto tivemos cinco dias de chuva ininterrupta, então houve um impacto positivo. Mas foi passageiro, porque depois tivemos praticamente um mês sem chuvas. E o restante da primavera e o verão continuarão irregulares. Isso não melhora a situação da crise hídrica nem em curto, nem em médio prazo”, explica o meteorologista do Simepar.

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