A população de Curitiba perdeu três unidades básicas de saúde (UBS) e, pelo menos temporariamente, duas UPAs, durante a pandemia. Além disso, por conta da alta incidência de casos de sintomas respiratórios e a campanha de vacinação contra covid-19, o atendimento nas unidades permanece restrito, com algumas UBS dedicadas a vacinação e outras exclusivamente ao atendimento com pessoas com sintomas respiratórios, deixando o atendimento regular para apenas 60 das 111 unidades.
A redução mantém a cidade com a mesma rede de unidades básicas de 2013, apesar da população ter ganho, segundo a previsão contida nos próprios relatórios da SMS, cerca de 100 mil habitantes a mais no período. As três unidades com atividades encerradas atendiam cerca de 30 mil pessoas.
A primeira unidade fechada foi a Umbará II, cujas atividades foram encerradas no início da pandemia, em 2020, porque “a estrutura não apresentava condições adequadas para atender covid-19 e as outras condições de saúde”, explicou secretária municipal da Saúde, Márcia Huçulak em declaração a sua assessoria de imprensa.
O atendimento foi transferido para a Unidade Umbará I, que fica há dois quilômetros da Umbará II. Segundo a SMS, 9 mil pessoas eram atendidas pela UBS.
A unidade estava instalada num imóvel locado e foi reformada em 2017 – e reaberta em 2018 – depois que um incêndio ter afetado a edificação. Mas no início da pandemia a SMS optou por encerrar o atendimento no local. No fim de 2021, a prefeitura abriu o processo licitatório para construção do prédio próprio para a unidade. Não há, no entanto, previsão de quando a nova unidade ficará pronta.
Com a reorganização do atendimento devido a pandemia, a vacinação regular de crianças está acontecendo na Unidade São João Del Rey, que fica há pouco mais de 7 quilômetros da antiga Umbará II e exige que as famílias atravessem a BR-116. Para uma profissional de saúde do SUS da região ouvida pelo Plural, a distância ajudou a aumentar o número de crianças com atraso nas doses. “As famílias não têm dinheiro para pegar ônibus até lá”, observa.
As outras duas unidades que foram fechadas são da Regional Boa Vista: UBS Medianeira e UBS Higienópolis. Ambas estavam em imóveis cedidos pela Cúria Metropolitana e tiveram o atendimento suspenso “por questões estruturais, os imóveis em que estão alocadas não permitiam estabelecer fluxo de atendimento em “y”, que separa os usuários com sintomas respiratórios dos demais”, informou a SMS.
No caso da UBS Medianeira, a devolução do prédio foi requisitada pela Cúria durante o período de suspensão. A unidade atendia 19,2 mil pessoas. Já na UBS Higienópolis, um parecer técnico da Secretaria Municipal do Meio Ambiente indica que há uma impossibilidade em realizar reformas no local. Cerca de 8,9 mil pessoas eram atendidas pela UBS. Oficialmente, no cadastro junto ao Ministério da Saúde, ambas unidades tiveram as atividades encerradas em agosto e setembro de 2021, respectivamente.
Uma quarta unidade, que estava fechada para reforma, foi reaberta no último dia 7 pelo prefeito Rafael Greca. A Unidade de Saúde Bacacheri estava com as atividades suspensas na pandemia. Em agosto de 2021 começaram as obras de reforma no espaço, com a previsão inicial delas serem concluídas em 45 dias pelo custo total de R$ 142.874. Quando foi entregue no último dia 7, a assessoria de imprensa da SMS informou que a obra teve um custo total de R$ 265 mil. Segundo a SMS, a diferença de valor e prazo se deu pelo aumento do escopo da reforma, que incluiu a pintora externa do imóvel, troca de piso e ampliação do número de consultórios.
No total, das 111 Unidades Básicas de Saúde de Curitiba, apenas 60 estão com atendimento regular. Outras 12 estão atendendo apenas casos de sintomas respiratórios, 3 estão fechadas, 9 estão fazendo entrega de medicamentos e multivacinação, 16 estão vacinando contra covid pessoas com 12 anos ou mais e outras 10 são dedicadas a vacinação contra covid de crianças de 5 a 11 anos. Confira no fim da matéria a lista completa das unidades, endereço e horário de atendimento.
| Situação | Total |
| Atendimento regular | 60 |
| exclusivo sintomas respiratórios | 12 |
| Fechada | 3 |
| multivacinação | 9 |
| Vacinação COVID acima de 12 anos | 16 |
| Vacinação COVID crianças | 10 |
| (vazio) | 1 |
| Total Geral | 111 |
UPAs
Desde o fim de 2020 a UPA Fazendinha está fechada para atendimento de urgência e emergência, que é a finalidade desse tipo de estabelecimento. Na ocasião, o local foi convertido em leitos para dar vazão aos atendimentos provocados por uma alta no número de casos de covid-19 em Curitiba. Desde então a UPA virou um centro de leitos de retaguarda do Hospital do Idoso, função na qual já completou um ano.
Em discurso gravado para a abertura do ano legislativo na Câmara Municipal, o prefeito Rafael Greca listou a UPA entre suas realizações, a transformação da UPA da Fazendinha “que se tornou um centro de especialidades médicas para a terceira idade”. Quando realizava atendimento de urgência e emergência, a UPA atendia, em média, 11 mil pessoas por mês.
Outra UPA que não realiza mais atendimento de demanda espontânea é a do Boqueirão. Desde meados de janeiro, a unidade foi transformada em um hospital de covid. A reversão da unidade para sua função original depende da melhora na situação da pandemia na cidade, segundo a SMS: “Essa reorganização será mantida enquanto a demanda por atendimento de casos respiratórios estiver alta na cidade”.
Para manter o pronto atendimento, a cidade somou as 7 UPAs em funcionamento, outras 12 Unidades Básicas de Saúde foram destinadas ao atendimento exclusivo de casos de sintomas respiratórios. Mas para outras situações, o atendimento precisa ser feito pelas UPAs que, quando é o caso, encaminham o paciente para os hospitais da rede SUS.
Lista das Unidades Municipais de Saúde com horário de atendimento
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