“Proteger os direitos humanos adia o fim do mundo”, diz o ministro Silvio de Almeida

O discurso do Ministro Silvio Almeida foi antecedido por uma breve fala do reitor da UFPR Ricardo Marcelo Fonseca

Proteger os direitos humanos é uma forma de salvar o planeta. Essa é a mensagem que o ministro dos Direitos Humanos e Cidadania Silvio Almeida lançou durante sua palestra no Teatro da Reitoria da Universidade Federal do Paraná nesta segunda-feira (9) em ocasião da assinatura de dois acordos de cooperação técnica com a UFPR e a Itaipu Binacional.

“Para mim dar uma aula é um ato político porque as minhas palavras se tornam em ações”, disse o Ministro, lembrando dos mais de 15 anos que trabalhou como professor em várias universidades do mundo. Um dos temas que mais tocou o ministro Almeida na sua fala foi a profunda crise que o mundo atravessa tanto do ponto de vista climático quanto social, devido aos novos teatros de guerra que se estão abrindo no mundo.

“Estamos destruindo o nosso planeta por conta do nosso sistema de produção, então devemos estar conscientes de que as escolhas de hoje afetarão o nosso futuro”, continuou Silvio Almeida, referindo-se à proteção dos direitos humanos como a única saída possível desta crise. “Os direitos humanos são uma luta para dar sentido não somente às nossas vidas, mas sobretudo para garantir que as gerações futuras possam viver em um mundo melhor”, afirmou o ministro em seu discurso.

Para reconstituir os quatro anos do governo Bolsonaro, Silvio Almeida citou o exemplo das possíveis explicações da ascensão da extrema direita na Europa do século XX. “O que os pensadores da Escola de Frankfurt argumentavam era que o fascismo nasceu a partir de uma crise da organização humana e que escolheram a violência porque as pessoas estavam alienadas e não conseguiam racionalizar”, disse o ministro. No entanto, tudo isto não é suficiente para explicar a ascensão da extrema direita, pois falta um elemento que, de acordo com as palavras de Silvio Almeida, é o papel de parte da elite da sociedade. “O fascismo não poderia nascer sem uma lei fascista, assim como as teorias racistas não poderiam nascer sem universidades onde essas teorias fossem propagadas”.

E tudo isso também teria acontecido no Brasil, já que segundo ele ocorreu uma alienação por parte da população, porque a direita usou a ideologia para contrastar políticas públicas baseada em fatos. Silvio Almeida reiterou este ponto diversas vezes em seu discurso: “Fazer ciência é fazer política porque significa fazer escolhas racionais para evitar o fim do mundo”.

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Por conta disso, a proteção dos direitos humanos continua a ser fundamental para o futuro da humanidade. “Proteger os direitos humanos significa falar sobre um futuro possível onde as nossas vidas possam ter sentido”. Uma luta que faz ainda mais sentido num país como o Brasil, que até hoje não resolveu os seus problemas de dependência econômica, autoritarismo das instituições e racismo na sociedade. “Estes são os três desafios em relação à proteção dos direitos humanos que nos esperam no futuro. Devemos trabalhar por um país sem tortura, mais igualitário e onde existam canais institucionais para os cidadãos denunciarem abusos”, concluiu o ministro sob aplausos das 700 pessoas que compareceram o evento no Teatro da Reitoria.

Entre os políticos paranaenses estavam presentes o vereador Dalton Borba (PDT), o pré-candidato a prefeito de Curitiba Goura (PDT), a deputada estadual Ana Julia (PT), as vereadoras do PT Professora Josete e Giorgia Prates, além da deputada federal Carol Dartora (PT), também pré-candidata a prefeita.

O discurso do ministro Silvio Almeida foi antecedido por uma breve fala do reitor da UFPR Ricardo Marcelo Fonseca, que respondeu diretamente a uma reportagem publicada pela Folha de S.Paulo neste domingo (8) sobre Curitiba como capital da direita brasileira. “Curitiba é um lugar de resistência antes de ser um lugar conservador. Houve greves históricas no início do século XX, como a dos sapateiros em 1917. Curitiba pode ter sido a cidade da Lava Jato, mas Curitiba também foi a cidade da vigília Lula Livre”, afirmou o reitor.

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