Podcast “Caso Athanásio” fala de racismo e relembra história de pai de santo de Piraquara

Podcast em formato de storytelling, “Caso Athanásio”, fala da cobertura midiática feita sobre prisão de pai de santo em 1984

O podcast “Caso Athanásio”, produzido pela Rádio Parágrafo 2, adota o formato de storytelling para explorar a cobertura midiática em torno da prisão de um pai de santo na Região Metropolitana de Curitiba em 1984. O conteúdo busca analisar a relação entre a imprensa e os cultos de matriz africana ao longo de quase dois séculos, partindo do episódio envolvendo Athanásio de Souza Bueno.

Athanásio, um pai de santo, foi detido em Piraquara em junho de 1984. Na época, os principais jornais de Curitiba e região abordaram a prisão com manchetes sensacionalistas, tais como “Descoberto o templo do Diabo” e “Valia de tudo na seita do demônio”. O pai de santo foi acusado de diversos crimes, incluindo a promoção de orgias, lesbianismo, incesto e violência sexual.

Segundo José Pires, diretor, roteirista e apresentador do podcast, o diferencial do projeto está no foco que ela dá à abordagem da mídia. “O podcast foca na cobertura midiática que foi feita na época e nesse sentido aborda não só a relação que o jornalismo tem com as religiões de matriz africana, mas também como essas religiões são abordadas na mídia ainda hoje”, diz. 

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O podcast está planejado para ter cinco episódios, com o primeiro lançado em novembro e o encerramento da temporada previsto para março de 2024. Pires expressa a expectativa de que, devido aos desdobramentos gerados pela publicação e investigação do podcast, a série possa ultrapassar os cinco episódios inicialmente planejados.

Sandy Lylia da Silva, produtora do podcast, um dos desafios do projeto foi abordar um tema delicado tantos anos após os acontecimentos. “Fui bem acolhida por todos os personagem com que entrei em contato, mas muitos recuaram quando íamos evoluir para outra conversa. Eu pude perceber que falar desse caso era uma dor para todos os envolvidos”, diz.

O objetivo do projeto é, a partir da prisão do pai de santo, analisar a evolução da relação da imprensa e de outros setores da sociedade com os cultos de matriz africana em Curitiba e em outras cidades do país. Silva espera que o conhecimento adquirido com o “Caso Athanásio” possa contribuir para mudar percepções e preconceitos sobre as religiões de matriz africana em Curitiba. “O curitibano precisa compreender a terra onde vive e que mesmo depois de quatro  décadas ainda reverbera um ódio gratuito, imputado em um subconsciente. O curitibano precisa saber que muitas das coisas que ele aproveita por aí foram feitas a mãos negras e forjadas nas religiões de matriz africana”,diz.

O podcast “Caso Athanásio” está disponível no Spotify e na Amazon. Conteúdos extras e informações adicionais sobre o caso podem ser encontrados nas redes sociais e no site da Rádio Parágrafo 2.

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