O que Taylor Swift fez pelo mundo para ser a Pessoa do Ano? (Eu sei a resposta)

Cantora americana foi escolhida para suceder Musk e Zelensky na capa da revista. Mas por quê?

Fotos produzidas da cantora Taylor Swift estampam três versões de capa da última edição da revista Time. Goste ou não, ela foi escolhida como personalidade do ano pela publicação que, desde 1927, seleciona figuras públicas que dominaram as manchetes, entre eles políticos, empresários e ativistas. Em 2022 foi o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky e, um ano antes, o empresário Elon Musk.

Mas qual a relevância da cantora americana de 33 anos para o mundo? Swift é um dos nomes mais relevantes do atual cenário musical mundial, com uma carreira que começou em 2006, quando ela tinha 16 anos. Para quem acha que isso não é suficiente, veja o que disse em 2015 Stan Lee, co-criador de super-heróis do Universo Marvel: “Eu ficava envergonhado porque eu era só um escritor de histórias em quadrinhos, enquanto outras pessoas estavam construindo pontes ou iniciando carreiras médicas. E eu comecei a perceber: entretenimento é uma das coisas mais importantes na vida das pessoas. Sem ele, as pessoas chegariam ao fundo do poço. Eu acho que se você consegue entreter as pessoas, você está fazendo alguma coisa boa.”

E se Swift fez algo de bom neste ano foi isso: entreteve pessoas. Lotou estádios pelo mundo com sua turnê “The Eras Tour”, uma celebração de sua carreira ao longo dos anos. A razão para não ter escolhido um álbum específico para nomear a turnê é dupla: a primeira foi a pandemia e, a segunda, a luta por seus direitos autorais.

Em 2020, Taylor iniciaria a turnê de seu álbum “Lover”, lançado no ano anterior. A pandemia acabou com os planos, mas não com suas produções criativas. Durante o isolamento social, ela lançou os álbuns “folklore” e “evermore”, e o primeiro recebeu o Grammy de “álbum do ano”, o terceiro de sua carreira.

Em 2021, começou o processo de recuperação dos direitos autorais de seus seis primeiros álbuns, que havia perdido após venda pelo ex-produtor, Scooter Braun. A volta por cima da cantora foi excepcional: ela regravou os álbuns, acrescentando ao nome de cada um a expressão “Taylor’s Version”, para deixar claro que esses pertencem a ela e não a outra pessoa. Além das faixas já conhecidas, entraram canções que foram escritas à época, mas não foram incluídas nos álbuns.

Vale lembrar que um dos diferenciais de Swift é a composição. Desde nova, ela escrevia as próprias músicas, e as faixas de todos os seus álbuns têm ela própria como compositora ou coautora. Foi escrevendo sobre suas próprias experiências que Taylor construiu um império bilionário, que repercutiu também no Brasil.

Engana-se quem pensa que as canções são apenas sobre seus relacionamentos e corações partidos. Swift tem canções que versam sobre amizade, família, autodescobertas, política e feminismo. Aliás, ela já esteve na capa da Time em 2017, junto com outras mulheres, no combate ao assédio sexual.

Sua passagem pelo Brasil foi marcada por conflitos antes mesmo de chegar ao país, com ações de cambistas na fila online para compra de ingressos. Em sua chegada, Swift recebeu uma homenagem projetada no Cristo Redentor no Rio de Janeiro, e sua primeira apresentação foi marcada pela morte da estudante Ana Clara Benevides, de 23 anos. No dia seguinte, o show que estava planejado foi cancelado devido às altas temperaturas do Rio.

Foram seis concertos por aqui (dois no Rio e quatro em São Paulo) e, além da morte da fã, também houve críticas sobre as emissões de carbono causadas por seu jatinho particular. Segundo o site Insider, a cantora teria comprado o dobro de créditos de carbono que utilizaria durante a movimentação em sua turnê para compensar suas pegadas de carbono. A banda britânica Coldplay também se destacou recentemente por idealizar uma forma sustentável de fazer sua turnê, reduzindo ao máximo as emissões de carbono. Swift também usou parte do dinheiro arrecadado com ingressos para doações a instituições de caridade.

Há, porém, um outro lado dessa discussão que eu, mesmo como fã de Taylor, devo reconhecer. Por que nossa sociedade é tão obcecada por celebridades? Sejam jogadores de futebol, como Neymar Jr, músicos como Swift ou grandes CEOs como Elon Musk, o que faz com que tantos olhem para esses personagens com tamanha admiração? Seria o desejo de tornar-se como eles? Não seria melhor reconhecer que são seres humanos normais? O fato é que, em termos, não são. Pessoas normais como nós não têm a fortuna deles. Infelizmente, vivemos em um mundo em que poucos possuem tanto e tantos possuem muito pouco.

Sabemos, porém, que dinheiro e fama nem sempre trazem felicidade às figuras que estampam as capas da Time e também da revista Forbes. Assim como dá para ser amado, é fácil também ser odiado. Swift também foi exemplo disso quando fugiu dos holofotes em 2016 após uma intensa onda de cancelamento sobre ela. A razão? A controversa letra da música “Famous”, de Kanye West, que chama a cantora de vadia e alega ter sido responsável por torná-la famosa.

Esse conflito remonta a 2009, quando West interrompeu o discurso de Swift na premiação VMA, quando ela venceu o prêmio de melhor clipe feminino. West subiu ao palco para dizer que quem merecia aquele prêmio era a cantora Beyoncé. Desde então, fãs das duas cantoras têm colocado uma contra a outra, embora ambas façam questão de expressar publicamente a admiração mútua.

Reconhecer que o privilégio branco pode favorecer a ampla aceitação de Taylor não anula os méritos que ela obteve em sua caminhada até se tornar a pessoa do ano. Aliás, Swift teve que trabalhar para quebrar com a cooptação de sua imagem de uma mulher branca “padrão”, quando tornou-se uma espécie de ídola de supremacistas brancos. Ao posicionar-se publicamente, foi também alvo de desdém do ex-presidente Donald Trump.

Cabe lembrar que a fama no mundo dos likes e do cancelamento é efêmera. Futuros deslizes podem gerar ataques de ódio aos moldes do de 2016. Artistas podem ser admirados, mas é preciso tomar cuidado com o pedestal em que são colocados, já que estar no pedestal envolve cuidados com saúde mental e sair desse pedestal, também. Como cristão, só idolatro Jesus, o único homem perfeito. Os outros todos vão falhar. Por fim, é necessário reconhecer que a coroação concedida pela Time confirma a relevância da artista e reforça o quanto precisamos da música e da arte para tornar nossos dias mais leves. Vida longa à Taylor!

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