O que esperar de 2021?

O Plural ouviu profissionais representativos de diversos setores da sociedade para saber o que eles pensam

2021, o que esperar de você? Que seja melhor que 2020, certamente, mas será que é essa a tendência? O Plural quis ouvir o que grandes nomes curitibanos estão prevendo para o próximo ano – e vale a pena ler o que têm a dizer.

Os rumos da pandemia

Por Moacir Pires Ramos, médico infectologista e epidemiologista da Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (SESA)

“Para o começo de 2021 nós esperamos o mesmo que a Europa está vivendo neste momento. Uma nova onda de contaminações a partir do aumento da mobilidade e do contato entre as pessoas. Com as festas de fim de ano, sem uma restrição mais rigorosa, deve haver um novo aumento de casos aqui no Paraná e em Curitiba. É a maior probabilidade. 

“Depois das festas, as medidas de restrição e controle ainda devem levar de duas a três semanas pra mostrar impacto, então nós teremos um período de ocorrências intensas. É o que quem está olhando os dados está prevendo. 

“Quanto ao resto do ano, existem muitas variáveis que podem mudar e influenciar esses cenários. Eu acredito que o primeiro semestre de 2021 será muito semelhante ao que temos agora, com momentos de maior transmissibilidade alternados com períodos de alguma redução.”

Um olhar para a política

Por Vera Karam Chueiri, diretora do setor de Ciências Jurídicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR)

“2021 será mais um ano desafiador e intenso, a começar pela continuidade da pandemia e da inépcia da política sanitária do governo federal em relação ao combate da covid-19. Os desafios e enfrentamentos serão inúmeros: a superação do esgotamento psíquico de quase todos e todas, a retomada ainda em versão híbrida da vida real com a vida virtual e, concomitantemente, os rumos políticos, econômicos e sociais do país, cujos indicadores prometem não ser tão satisfatórios ou nada satisfatórios. 

“Por outro lado 2021 promete algumas novidades. Na política me anima as/os jovens políticas/os eleitas/os com agendas progressistas; os coletivos eleitos e até mesmo os que não ganharam, mas trouxeram uma nova forma de discussão, de ação, de debate, de realidade etc. Por estas 2021 pode surpreender positivamente.”

Precisamos falar do sistema penitenciário

Por André Ribeiro Giamberardino, coordenador do Núcleo de Política Criminal e Execução Penal (NUPEP) da Defensoria Pública do Paraná

“A pandemia escancarou a necessidade de olharmos com mais cuidado para o tema da saúde prisional e estimulou o uso da tecnologia para facilitar o atendimento, a fiscalização e ampliar os horizontes. Acredito que esses – saúde e tecnologia – sejam os dois temas mais importantes para o sistema penitenciário em 2021. Deve ficar cada vez mais claro, além disso, que a luta contra o encarceramento em massa é uma luta contra a injustiça social, e que ignorar ou justificar violações de direitos fundamentais é uma atitude que nos diminui como humanidade. Não podemos continuar assim.”

O futuro da arte

Por Adriano Esturilho, Ludmila Nascarella e Adriano Petermann, a nova diretoria do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do Paraná (Sated-PR)

Foto: Sated-PR

“Estamos iniciando o nosso mandato muito motivados, porque há 8 anos vivíamos gestões retrógradas. Esta é uma gestão progressista, que tem sua frente feminista. 

“2020 foi um ano em que a Lei Aldir Blanc foi bastante discutida, principalmente por conta da pandemia. Ela atendeu em parte a nossa categoria, mas deixou muito a desejar, porque pela primeira vez tivemos recursos federais disponíveis e eles não chegaram como a gente esperava. No Paraná, foram disponibilizados 72 milhões, mas estamos correndo o risco de ter que devolver 20 e poucos milhões desse recurso, porque os editais foram muito excludentes. Então a gente espera, primeiro, virar o ano com a Lei prorrogada, para que essa verba possa virar novos editais mais plurais, que cheguem aos artistas. 

“No âmbito municipal, é preciso retomar a nossa lei de fomento, que está engavetada há 4 anos, mas o Greca, durante a campanha, assumiu o compromisso de desengavetar junto com o plano municipal de cultura. A gente espera começar o ano com a classe mobilizada para cobrar o prefeito e os nossos vereadores.

“Por fim, a Internet chegou pra ficar no século 21. Junto com as políticas públicas, a gente, enquanto artistas, vai ter que utilizar a internet. Para as companhias, pode ser uma bússola. Existir dentro do universo da Internet: precisamos fazer uma reflexão sobre isso.”

Justiça para as populações trans

Por Megg Rayara, travesti preta, doutora em Educação, professora na UFPR, ativista do movimento social de negros e negras e do movimento LGBT

“Esse governo não apenas autorizou, mas estimulou os ataques transfóbicos em todas as instâncias. Essa situação não é nova, pois o reconhecimento e respeito às populações trans, a nível de governo federal, ocorreu de forma pontual durante a administração do PT. 

“Evidentemente que esse retrocesso é preocupante, mas não vai nos paralisar, pois conseguimos algumas conquistas importantes: cotas em várias universidades e a eleição de mais de 30 vereadoras. Isso é resultado de uma luta bastante organizada. 

“Acredito no fortalecimento do movimento trans e na construção de alianças. Ser travesti e transexual no Brasil nunca foi fácil, a diferença é que o governo atual assume uma postura declaradamente transfóbica, o que em certa medida estimula que as pessoas se articulem. 

Em 2021 não vamos recuar. Não vamos deitar pra governo fascista e vamos continuar firmes na luta. Podem até tentar, mas não vão nos deter.”

Assumir nossas raízes indígenas

Por Juliana Kerexu, cacica

Foto: arquivo pessoal

“Este ano foi e ainda está sendo difícil. Nós, lideranças, nos vimos numa posição incapacitante, porque a pandemia expôs como as coisas realmente são. A população indígena sentiu muito. 

“O que a gente espera pra 2021 é que a população continue conosco. Se a gente não tivesse podido contado com as pessoas até aqui, teria sido tão mais difícil… Esperamos também que as políticas públicas direcionadas aos povos originários sejam vistas com maior sensibilidade. Muitos dos nossos políticos são de elite, nascidos em berço de ouro e nem conhecem a realidade dos nossos povos. 

“Também espero que o povo brasileiro, que é nascido aqui, pare de ressaltar sua origem europeia. É preciso firmar sua raiz nesta terra, ter orgulho de ser brasileiro. Não vai ser fácil, mas espero mais união. Vamos abrir as nossas janelas e olhar pra fora.”

Sobre o/a autor/a

1 comentário em “O que esperar de 2021?”

  1. Martha Hirsch Aulete

    O que é sustentável para o Brasil:
    educação de alto nível. Alta cultura.
    O que o Brasil precisa: Escolas boas e hospitais. O resto deixa que o povo faz.
    E atenção, jamais votem em Partido Cafona e Kitsch: a saber, o Partido dos Trabalhadores®, PT®. Vigarista.

    TODO petista, sem exceção, rumina DIRETO, uma vez que são GADO da medíocre dilma© e do aPedeuTa e ignorante lula®, — o vigarista.

    Em 2020 o PT foi o pior que se existiu.

    Em vez de se construir hospitais, durante a “Copa das Copas©” (do PT®) construiu se prédios inúteis.

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